A Inter Asset, gestora de recursos do banco Inter, anunciou o lançamento de seu primeiro fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) aberto ao mercado. A iniciativa marca a estreia da nova área de produtos estruturados da gestora, criada no fim de 2024. Segundo Marianne Moraes, gestora de crédito privado da Inter Asset, o lançamento está alinhado ao momento favorável do mercado. “2025 parece ser o ano dos FIDCs e esse fundo vem na esteira da relevância que eles estão ganhando”, afirmou.
O novo fundo será um FIC FIDC — ou seja, um fundo de cotas que investe em diversos FIDCs — com foco em oferecer retorno de CDI mais 2%, prazo de resgate de 60 dias e voltado exclusivamente para investidores qualificados. A estratégia de alocação prevê diversificação em cerca de 30 fundos diferentes, priorizando cotas sênior e mezanino, que apresentam menor risco, e com subordinação média de 30%. Isso significa que a cota subordinada absorve possíveis inadimplências antes de impactar o investidor dessas faixas.
A recente elevação do IOF sobre operações de crédito para pessoas jurídicas, promovida pelo governo, reforçou o apelo desses fundos. Os FIDCs continuam isentos da cobrança de come-cotas, o que preserva sua atratividade fiscal, especialmente no atual cenário de busca por alternativas de rendimento.
Roberto Watanabe, responsável pela nova área de estruturados da Inter Asset e ex-integrante da Polo Capital, Leste e Moody’s, aponta um grande potencial de expansão dos FIDCs entre investidores pessoas físicas. Ele observa que, hoje, as debêntures incentivadas representam cerca de 4% das alocações em renda fixa desse público, enquanto os FIDCs ainda ocupam apenas 0,4%. O espaço para crescimento, portanto, é significativo.
Moraes também ressalta que o aumento da alocação em crédito privado reflete um movimento mais amplo de migração de recursos que antes estavam em fundos multimercados. “Até a definição do cenário eleitoral de 2026, o crédito continuará sendo um porto seguro para os investidores”, afirmou. Ela destaca ainda que a evolução da regulação, da tecnologia e do entendimento dos investidores sobre os riscos desses ativos tem contribuído para essa tendência.
A executiva observa que eventos como a fraude nas Lojas Americanas trouxeram mais atenção à necessidade de produtos com menor volatilidade no mercado de crédito privado. O novo FIC FIDC da Inter tem exatamente esse objetivo: oferecer um produto com risco controlado e previsibilidade nos retornos.
Com R$ 19,5 bilhões em ativos sob gestão, a Inter Asset já planeja lançar no futuro FIC FIDCs voltados ao varejo. No entanto, segundo Moraes, a menor liquidez desse tipo de ativo ainda exige atenção na estruturação para torná-lo atrativo ao investidor comum. “Como a liquidez é menor, o público qualificado se adequa melhor neste momento. Mas é um universo em expansão no mercado”, conclui.