A agenda econômica de 6 a 10 de outubro de 2025

A inflação ao consumidor de setembro será o principal evento econômico no Brasil entre os dias 6 e 10 de outubro, em meio ao cenário de incerteza internacional causado pela paralisação do governo dos Estados Unidos, resultado do impasse no Congresso sobre o orçamento federal para o ano fiscal de 2026.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará na quinta-feira (9) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, com expectativa de aceleração inflacionária após o fim do “bônus de Itaipu” nas contas de energia elétrica. Economistas projetam um aumento mais expressivo no indicador, e as atenções devem se concentrar na inflação de serviços e em seus núcleos, que continuam rodando acima do teto de tolerância de 1,5 ponto percentual em relação à meta central de 3%.

Na sexta-feira (10), o IBGE também apresentará o Índice de Preços ao Produtor (IPP) de agosto, cuja tendência é encerrar o período de deflação, acompanhando os movimentos já sinalizados pelos índices IGP-M e IGP-DI. Ainda no início da semana, o mercado observará com atenção as projeções do Boletim Focus, especialmente a estimativa para o IPCA de 2027, horizonte considerado pelo Banco Central para definir os próximos passos da política monetária. Nas últimas duas edições, a projeção se manteve estável em 3,9%, com redução gradual em relação aos meses anteriores.

O calendário econômico inclui ainda a divulgação da balança comercial de setembro pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), prevista para segunda-feira (6), e do IGP-DI de setembro, calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), na terça-feira (7).

No cenário externo, o foco dos investidores estará no Federal Reserve (Fed), com a publicação, na quarta-feira (8), da ata da última reunião de política monetária. O documento deverá revelar os detalhes do debate interno entre os diretores sobre a magnitude dos próximos cortes na taxa de juros. O destaque será o posicionamento de Stephen Miran, recém-empossado no cargo e defensor de um corte mais agressivo, de meio ponto percentual, divergindo da maioria do colegiado que votou pela redução de 25 pontos-base.

Ao longo da semana, diversos dirigentes do Fed — incluindo o presidente Jerome Powell, que discursará na quinta-feira (9) — farão declarações públicas. Embora as projeções oficiais apontem para mais 50 pontos-base de corte até o fim do ano, parte da diretoria considera necessário adotar uma “postura moderadamente restritiva”, justificando uma desaceleração no ritmo de afrouxamento monetário diante de riscos crescentes à estabilidade de preços e ao emprego.

Enquanto isso, diretores como Christopher Waller e Michelle Bowmann tendem a defender a manutenção de dois cortes de 25 pontos-base até o fim do ano, citando o enfraquecimento do mercado de trabalho. Já Miran seguirá insistindo em uma flexibilização mais acentuada, com reduções de meio ponto percentual por reunião.

A paralisação do governo norte-americano, por sua vez, mantém suspensa a divulgação de indicadores produzidos por órgãos estatísticos ligados à Casa Branca, como o tradicional relatório de emprego (payroll). O dado de setembro, previsto para o dia 3, não foi publicado e só deverá ser liberado cerca de dez dias após o fim do impasse político no Senado.

Segundo a CNN, a coleta de informações sobre o emprego no mês passado foi concluída, o que pode permitir uma divulgação rápida caso o governo volte a funcionar. Enquanto isso, o Federal Reserve mantém suas próprias divulgações, já que o banco central possui orçamento independente e não é afetado pela paralisação.