A tensão comercial entre Estados Unidos e China deu lugar a um tom mais cauteloso por parte da Casa Branca nos últimos dias. Depois de retomar a retórica agressiva contra Pequim na semana passada, o presidente Donald Trump confirmou o aguardado encontro com o líder chinês, Xi Jinping, durante a cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), que acontece entre 27 de outubro e 1º de novembro na Coreia do Sul. A expectativa é de que a reunião bilateral ocorra entre os dias 29 e 30, em um momento crucial para as relações entre as duas maiores economias do mundo.
A mudança no discurso, no entanto, não se traduziu em moderação nas ações comerciais. Washington manteve a adoção de novas medidas tarifárias, agora focadas no setor de transporte marítimo, o que elevou o temor de que a escalada protecionista se torne parte do “novo normal” nas relações entre as duas potências. Para analistas, esses movimentos refletem, sobretudo, o posicionamento estratégico dos países às vésperas do encontro de seus líderes — mais uma etapa da complexa disputa geopolítica e econômica que se intensificou nos últimos anos.
Antes de se reunir com Trump, Xi Jinping participará da Quarta Sessão Plenária do Partido Comunista Chinês, onde será discutido o 15º Plano Quinquenal (2026-2030). Embora o consumo interno siga abaixo do desejado, o governo deve manter como prioridade a expansão tecnológica em setores estratégicos, como veículos elétricos e energia verde. O novo plano — cujos detalhes só serão revelados em março de 2026 — servirá como base para as negociações com os EUA e não deve abrir mão da agenda de inovação, mesmo diante de críticas sobre desequilíbrios globais feitas por Washington e pelo FMI.
O esforço chinês para impulsionar setores de alta tecnologia também moldará a dinâmica global de preços, tornando a política econômica do país ainda mais deflacionária. Se antes essa tendência era alimentada por produtos manufaturados de baixo custo, agora o foco está em tecnologias de ponta, com potencial para redefinir cadeias produtivas em todo o mundo. Paralelamente, a China precisará enfrentar o desafio de estimular o consumo doméstico, fragilizado pela crise imobiliária e pela consequente queda na poupança das famílias — fatores que reduziram a demanda interna nos últimos anos.
Os dados econômicos que serão divulgados no domingo devem confirmar a desaceleração em curso. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deve ter crescido apenas 0,8% na comparação trimestral, abaixo dos 1,1% registrados no período anterior, enquanto a alta anual deve recuar de 5,2% para 4,7%. A produção industrial e as vendas no varejo também devem perder força, com projeções de 5% e 2,9% de expansão, respectivamente. Já os investimentos em ativos fixos devem subir apenas 0,2% em setembro, e o mercado imobiliário tende a registrar nova queda nos preços.
Para sustentar o crescimento e conter a desaceleração, o Banco Popular da China deve manter a taxa básica de juros em 3% ao ano, em um patamar estimulativo capaz de sustentar a meta oficial de 5% de expansão econômica. Do lado americano, investidores aguardam os dados de inflação ao consumidor de setembro e a prévia dos índices de gerentes de compras (PMIs) de outubro, que devem oferecer pistas importantes sobre o ritmo da economia dos EUA em meio à paralisação parcial do governo.
No Brasil, a agenda da próxima semana será mais modesta. O destaque fica para sexta-feira, quando serão divulgados a prévia da inflação de outubro e os números do setor externo referentes a setembro. O Boletim Focus sai na segunda-feira. No campo corporativo, a temporada de balanços ganha força nos EUA, com os resultados de Netflix, Intel e Tesla no radar. No mercado brasileiro, empresas como Weg, Romi e Usiminas darão início à divulgação dos resultados do terceiro trimestre, enquanto a AgroGalaxy apresentará números do segundo trimestre em meio ao seu processo de recuperação judicial.
Hora | País | Evento | Último |
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Segunda-feira, 20 de outubro de 2025 | |||
– | China | Sessão Plenária do Partido Comunista | – |
0:50 | Japão | Discurso de Takata, membro do Banco do Japão (BoJ) | – |
4:00 | Alemanha | IPP (Mensal) (Set) | -0,5% |
4:00 | Alemanha | IPP (Anual) (Set) | -2,2% |
5:00 | Zona do Euro | Transações Correntes (Ago) (Euros) | 27,7B |
5:00 | Zona do Euro | Transações Correntes (sem ajuste sazonal) (Ago) (Euros) | 35,0B |
8:25 | Brasil | Boletim Focus | – |
11:00 | EUA | Índice de Indicadores Antecedentes (Mensal) (Set) | -0,5% |
16:00 | Argentina | Balança Comercial (Set) (US$) | 1,402B |
Terça-feira, 21 de outubro de 2025 | |||
– | China | Sessão Plenária do Partido Comunista | – |
1:20 | Japão | Discurso de Himino, membro do Banco do Japão (BoJ) | – |
8:00 | Zona do Euro | Discurso de Christine Lagarde, Presidente do BCE | – |
10:00 | EUA | Discurso de Waller, membro do Fed | – |
16:30 | EUA | Discurso de Waller, membro do Fed | – |
17:30 | EUA | Estoques de Petróleo Bruto Semanal API | 3,524M |
20:50 | Japão | Exportações (Anual) (Set) (Ienes) | -0,1% |
20:50 | Japão | Importações (Anual) (Set) (Ienes) | -5,2% |
20:50 | Japão | Balança Comercial (Set) (Ienes) | -242,5B |
Quarta-feira, 22 de outubro de 2025 | |||
– | China | Sessão Plenária do Partido Comunista | – |
3:00 | Reino Unido | IPC-núcleo (Anual) (Set) | 3,6% |
3:00 | Reino Unido | IPC-núcleo (Mensal) (Set) | 0,3% |
3:00 | Reino Unido | IPC (Mensal) (Set) | 0,3% |
3:00 | Reino Unido | IPC (Anual) (Set)< |