Dezembro de 2024 entrou para a história ao registrar R$ 99,4 bilhões em ofertas no mercado de capitais, tornando-se o mês com o maior volume da série histórica da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), iniciada em 2012. Com isso, 2024 se consolidou como o melhor ano do mercado de capitais, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (22).
O desempenho foi impulsionado principalmente por títulos de renda fixa, que responderam por R$ 709,2 bilhões dos R$ 783,4 bilhões captados ao longo do ano. Dentro dessa categoria, as debêntures se destacaram ao duplicar o volume de 2023, atingindo R$ 473,66 bilhões.
Segundo Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, havia a expectativa de que julho fosse o mês mais forte devido às ofertas de renda variável, mas dezembro surpreendeu, sinalizando um aquecimento do mercado.
Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) também se consolidaram como um dos principais instrumentos da renda fixa, crescendo 86,1% e captando R$ 81,41 bilhões, superando os tradicionais CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e Fundos Imobiliários. Os FIDCs lideraram o número de operações, com 918 emissões, mas as debêntures tiveram um volume médio mais alto, alcançando R$ 757,86 milhões por operação, contra R$ 88,69 bilhões dos fundos.
Com a restrição do Conselho Monetário Nacional às emissões de títulos isentos de Imposto de Renda, como CRIs, CRAs, LCIs e LCAs, as debêntures incentivadas se destacaram, representando 29% do volume captado nessa modalidade ao longo do ano. Maranhão ressaltou que, apesar da redução no prazo médio de vencimento das debêntures, os níveis ainda são elevados, com 5,7 anos para as comuns e 12,9 anos para as incentivadas. Ele também observou que o mercado tem atraído novos emissores e manteve um prazo médio longo, o que demonstra sua maturidade.
Outro destaque de 2024 foi o aumento de 59,2% nas negociações de debêntures no mercado secundário. Para Maranhão, um mercado primário saudável depende de uma atuação forte no secundário.
Já o mercado de renda variável teve mais um ano fraco, com apenas R$ 25 bilhões captados em nove follow-ons, demonstrando que os investidores ainda priorizaram a renda fixa ao longo do período.