Ata do Copom aponta para cenário desafiador e alta da Selic deve ser gradual
A ata do copom destacou que a elevação da Selic busca não apenas garantir a estabilidade dos preços, mas também suavizar as flutuações da atividade econômica

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 25 pontos-base, atingindo 10,75% ao ano, em resposta ao cenário econômico doméstico caracterizado pela resiliência da atividade, pressões no mercado de trabalho e expectativas de inflação desancoradas. A decisão foi detalhada na ata da reunião realizada nos dias 17 e 18 de setembro e divulgada nesta terça-feira (24).

O Comitê destacou que a elevação da Selic busca não apenas garantir a estabilidade dos preços, mas também suavizar as flutuações da atividade econômica e fomentar o pleno emprego. No entanto, enfatizou que os ajustes futuros dependerão da evolução da inflação e das expectativas do mercado.

Cenário doméstico pressiona inflação

O Copom reconheceu que o hiato do produto — a diferença entre o PIB potencial e a atividade econômica real — está em território positivo, o que torna mais difícil a convergência da inflação para a meta. Além disso, o mercado de trabalho, com ganhos reais nos salários, tem mostrado dinamismo. O Comitê, no entanto, expressou preocupação com a possibilidade de que esses aumentos salariais, caso persistam sem ganhos de produtividade, possam pressionar os preços no futuro.

Apesar do crescimento salarial, o Comitê observou que ainda não há evidências claras de que as pressões salariais estejam impactando diretamente a inflação. Contudo, alertou que esse efeito pode se manifestar com o tempo.

Cenário externo mais favorável, mas com desafios

No contexto externo, o Copom identificou sinais mais positivos do que em reuniões anteriores, embora o cenário global ainda exija cautela. A economia norte-americana, por exemplo, enfrenta um momento de transição, com incertezas sobre a desaceleração do mercado de trabalho e da atividade econômica. O Comitê acredita que os EUA passarão por uma desaceleração gradual.

Já na China, a desaceleração econômica continua sendo um fator de risco, assim como as variações nos preços das commodities. No entanto, o Copom afirmou que o processo desinflacionário global tem avançado, embora com desafios distintos em cada país.

Política monetária seguirá cautelosa

O Copom reiterou que a política monetária do Brasil não está diretamente vinculada à condução da política monetária dos Estados Unidos, nem à taxa de câmbio. No entanto, destacou que um ambiente de maior volatilidade global e mudanças abruptas no câmbio exigem mais cautela na condução da política monetária doméstica.

Ao final, o Comitê reforçou seu compromisso com a convergência da inflação para a meta, enfatizando que ajustes futuros na Selic dependerão da evolução dos dados econômicos, tanto no Brasil quanto no cenário internacional.

redacao
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