Chefe do FMI alerta para riscos de baixo crescimento e alta dívida global
Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, alertou que a economia mundial corre o risco de se enredar em um cenário de baixo crescimento e alta dívida

Durante as reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Washington, Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, alertou que a economia mundial corre o risco de se enredar em um cenário de baixo crescimento e alta dívida. Este caminho pode limitar significativamente os recursos disponíveis para os governos investirem em melhorias sociais e no combate às mudanças climáticas, gerando insatisfação crescente entre as populações.

Georgieva destacou que, embora alguns sinais de recuperação econômica estejam presentes, com o mundo evitando uma recessão grave, o sentimento das pessoas não acompanha essa recuperação. "Perguntei como está a economia em diferentes países e a resposta foi: boa. Mas ao questionar sobre o humor da população, a resposta não foi tão boa", afirmou. As famílias, segundo ela, ainda sofrem com os preços altos e com o crescimento econômico global anêmico.

Cenário global de incertezas

A reunião do FMI ocorre em meio à expectativa pela eleição presidencial nos EUA, marcada para 5 de novembro. A possível volta do ex-presidente Donald Trump à Casa Branca, após um período de inflação elevada no governo Joe Biden, pode reacender políticas comerciais protecionistas e ampliar o endividamento dos EUA, o que pode gerar consequências globais. Apesar de os EUA terem demonstrado força econômica nos últimos tempos, o FMI projeta que o crescimento do PIB global deve cair para 3,1% até 2029, abaixo da média pré-pandemia de 3,8% (2000-2019).

Alta dívida governamental e desafios futuros

O relatório Fiscal Monitor do FMI, divulgado nesta semana, mostrou que a dívida governamental global ultrapassará US$ 100 trilhões pela primeira vez em 2024, com a expectativa de continuar crescendo nos próximos anos. Em relação ao PIB global, a dívida está atualmente em 93% e deve alcançar 100% até 2030, superando o pico registrado durante a pandemia. Esse aumento é impulsionado pela resistência a elevações de impostos e por uma tendência política que favorece gastos públicos para atender demandas sociais e econômicas.

Georgieva destacou que, com menos receita governamental disponível, os países terão dificuldades para enfrentar desafios de longo prazo, como a luta contra as mudanças climáticas. “Rendas mais baixas e menos empregos também significam menos recursos para apoiar as famílias”, explicou.

Otimismo cauteloso entre líderes do G20

Apesar das preocupações, os ministros de finanças das maiores economias do G20 mostraram um certo otimismo em relação à possibilidade de um "pouso suave" da economia global, ou seja, um cenário em que a inflação é controlada sem uma recessão dolorosa. Eles também pediram cautela quanto ao protecionismo, enfatizando a importância de resistir a políticas que possam fragmentar ainda mais o comércio global.

O alerta de Georgieva reflete a crescente ansiedade global sobre um futuro de crescimento lento e desafios econômicos persistentes. Para o FMI, a chave para sair dessa situação reside em políticas econômicas que incentivem o crescimento sustentável, contenham o aumento da dívida e promovam a resiliência frente às mudanças globais.

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