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As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DIs) encerraram a quarta-feira (29) em alta no Brasil, refletindo a decisão do Federal Reserve (Fed) de manter os juros no patamar atual e a ausência de sinais concretos de progresso no controle da inflação dos Estados Unidos. O mercado também se manteve atento ao anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, previsto para o final da noite, que definiria o novo patamar da taxa Selic.
Durante a sessão, a expectativa em torno das decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil conteve oscilações mais intensas nas taxas. No final da tarde, o DI para julho de 2025 registrou taxa de 14,17%, levemente acima do ajuste anterior de 14,14%. Para janeiro de 2026, a taxa subiu para 15,185%, frente aos 15,133% da sessão anterior. Entre os vencimentos mais longos, o DI para janeiro de 2031 avançou para 15,08%, enquanto o contrato para janeiro de 2033 fechou a 15%, ambos em alta em relação ao dia anterior.
A chamada superquarta incluiu a decisão do Fed às 16h, seguida pela entrevista do presidente da instituição, Jerome Powell, e o aguardado anúncio do Copom, após as 18h30. Com a expectativa de manutenção dos juros nos EUA e uma elevação de 100 pontos-base na Selic já precificadas, os investidores mantiveram uma postura cautelosa ao longo do dia.
O Fed confirmou a manutenção da taxa básica na faixa de 4,25% a 4,50%, como amplamente esperado, mas o comunicado trouxe um tom mais conservador do que o previsto. A autoridade monetária retirou a menção de que a inflação nos EUA "progrediu" em direção à meta de 2%, enfatizando que o ritmo de aumento dos preços "continua elevado".
A sinalização mais rígida do Fed fez com que os rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos acelerassem, o que também impulsionou as taxas dos DIs no Brasil. “O Fed adotou um tom mais hawkish do que o esperado, afirmando que a inflação parou de progredir em direção à meta e que o mercado de trabalho segue apertado. De concreto, o Fed deve pausar o ciclo de juros até o segundo trimestre de 2025, pelo menos”, analisou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
Os reflexos da decisão foram imediatos. O DI para janeiro de 2031, que chegou a registrar mínima de 15% às 13h02, atingiu a máxima de 15,12% às 16h18, após o anúncio do Fed, marcando um avanço de 11 pontos-base.
Agora, as atenções se voltam para a decisão do Copom, que deve definir a trajetória da Selic nos próximos meses. No mercado de opções da B3, a probabilidade de uma elevação de 100 pontos-base na taxa básica de juros estava em 97% na véspera. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano, e uma eventual alta pode impactar ainda mais a curva dos juros futuros e o custo do crédito no país.