País espera receber mais 8 milhões de doses da Índia; governo indiano está sendo pressionado para focar na vacinação interna

O Instituto Serum, da Índia, vai atrasar novos envios da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19 para o Brasil, disse uma fonte com conhecimento das negociações. Ela informou que o atraso se deve ao aumento da demanda nacional e ocorre enquanto o instituto trabalha em uma expansão da capacidade de produção. As entregas para Arábia Saudita e Marrocos também serão afetadas.

O Brasil espera receber mais 8 milhões de doses da Índia. Nísia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem acordo com o laboratório indiano, disse na terça-feira, dia 16, que o Serum vai mandar em abril um cronograma  sobre o envio das vacinas. Segundo Trindade, o instituto explicou que a Índia enfrenta a pressão da opinião pública interna para priorizar a vacinação local. E que o laboratório também enfrenta problemas após um incêndio que dificultou o escalonamento da produção e o atendimento da crescente demanda mundial por vacinas contra a Covid-19.

Para compensar o atraso na entrega do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) que deveria ter chegado em janeiro — para a produção de 15 milhões de doses da vacina — a AstraZeneca ofereceu 12 milhões de doses adicionais prontas para o Brasil. Dessas, 4 milhões já foram entregues pelo Instituto Serum em fevereiro e março. Havia a expectativa de o país receber as outras 8 milhões de doses em algumas remessas nos próximos meses. Mas o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já havia afirmado no dia 8 que o envio foi bloqueado pela Índia.

A notícia do atraso chega no momento em que a Índia, maior fabricante mundial de vacinas, está sendo criticada internamente por doar ou vender mais doses do que as inoculações feitas em casa, apesar de relatar o maior número de infecções por coronavírus depois dos Estados Unidos e do Brasil. O país registra atualmente uma nova onda de aumento de casos da doença, levando o total para cerca de 11,6 milhões.

Os atrasos mais recentes, relatados pela primeira vez pelo jornal indiano Times, vieram à tona dias depois que a Grã-Bretanha informou que teria que desacelerar a vacinação contra a Covid-19 no mês que vem, já que o Serum provavelmente entregaria as doses mais tarde do que o esperado.

O instituto forneceu metade dos 10 milhões de doses recentemente encomendadas pela Grã-Bretanha. A Arábia Saudita já recebeu 3 milhões de doses e Marrocos 7 milhões, segundo o Ministério de Relações Exteriores da Índia.

A Reuters não conseguiu contatar imediatamente os os governos de Brasil, Arábia Saudita e Marrocos. Procurado, o Instituto Serum não quis comentar.

(Reuters)

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