O Banco do Brasil comunicou que distribuirá R$ 953,7 milhões em juros sobre capital próprio em setembro

Na última sexta-feira (25), o Banco do Brasil (BBAS3) comunicou que distribuirá R$ 953,7 milhões em juros sobre capital próprio (JCP) referentes ao 3º trimestre do ano. Os proventos, equivalentes a R$ 0,33419721437 por ação, serão pagos aos acionistas no dia 29 de setembro de 2023 e terão como base a posição acionária de 11 de setembro.

Segundo Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, a companhia deve manter um dividend yield de 10% nos próximos 12 meses.

A atual gestão do Banco do Brasil tem feito um bom trabalho?

Para a especialista, até o momento, a nova gestão do banco, iniciada em 2023, não traz nenhuma importante mudança de rota que possa acender algum alerta para o mercado.

Porém, na visão de Larissa, algumas situações começam a chamar a atenção, como a participação agressiva do Banco do Brasil no Desenrola, programa de renegociação de dívidas criado em junho pelo governo.

“Apesar de não representar uma estratégia muito significativa, vai nos mostrando que a instituição tem um foco um pouco mais social do que capitalista neste momento e daqui para frente. Isso pode não ser 100% vantajoso pro acionista porque pode envolver dar descontos excessivos em dívidas em que a renegociação não exigiria um desconto tão grande, perdoar dívidas que talvez não exigissem perdão, etc”, explica.

“Isso tudo são especulações, mas dada a participação muito menor dos bancos privados, nos leva a questionar se isso é feito de uma forma economicamente racional”.

Outro ponto de atenção levantado por ela é a recente criação de inúmeras vagas de emprego por parte do Banco do Brasil e a intenção da companhia de reajustar os salários dos funcionários acima da inflação.

“Esses pequenos sinais vão diminuindo um pouco nosso grau de empolgação com a ação. Não acho que essa gestão seja péssima, mas, na margem, gostava um pouco mais da anterior, que era 100% racional e focada no lucro”.

BBAS3 atingiu seu pico de lucratividade?

“É difícil afirmar isso porque só percebemos o pico depois que ele passa, mas algumas coisas também me sugerem que é difícil passar do patamar atual”, diz Larissa.

“De um lado, a gente vê deterioração dos índices de inadimplência, já que nos últimos dois anos o Banco do Brasil passou quase ileso pela alta da inadimplência, que atingiu muito mais a pessoa física e linhas de crédito livre, e o BB é muito mais focado em produtos de crédito direcionado (imobiliário, consignado, etc) ou para o agronegócio – que só em 2023 começou a apresentar maior inadimplência”, explica.

Além disso, reforça que 90% do lucro do banco reportado no 2T23 se deve à Tesouraria. “Para gerir seu caixa, o banco vai comprando títulos de longo prazo de dívida do governo, por exemplo. Com o ‘abaixamento’ da curva de juros no segundo trimestre em relação ao primeiro, a marcação a mercado dos títulos de longo prazo fica muito positiva para quem está comprado nos papéis”.

Por conta desse cenário, Larissa não está tão otimista em relação ao crescimento de lucro à frente.

Pensando em dividendos, vale a pena investir em Banco do Brasil (BBAS3)?

Na opinião da analista, sim: “no curto prazo, o BBAS3 ainda deve retornar muito em dividendos para o acionistaprincipalmente porque a distribuição atual de proventos é resultado dos esforços dos últimos anos. Então, qualquer mudança que ocorra na atual gestão só vai ter impacto nos dividendos daqui alguns trimestres. E quanto maior a empresa, mais demorada tende a ser essa transferência”.

O único adendo de Larissa é que o case merece sempre uma atenção extra, e a Empiricus Research continuará acompanhando a companhia para manter o investidor atualizado. “É um ótimo papel para dividendos, mas estamos sempre perto da porta de saída”.

Empiricus

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