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Durante a pandemia, o setor de comércio eletrônico experimentou um surto extraordinário de crescimento, destacando-se como um fenômeno excepcional. Contudo, projeções indicam que a expansão do e-commerce no Brasil nos próximos anos deve desacelerar em comparação aos índices pré-pandemia, segundo análises feitas por especialistas do BTG Pactual.
Em um recente estudo divulgado aos seus clientes, o banco prevê que as vendas online nacionais — excluindo-se produtos importados — alcançaram a cifra de R$ 254 bilhões no último ano, com expectativa de atingir R$ 465 bilhões até 2027. Essa trajetória de crescimento, com um aumento médio anual de 16%, representa uma desaceleração frente ao ritmo de 20% observado de 2015 a 2019, antes dos impactos trazidos pela Covid-19. Nesse contexto, espera-se que o marco de meio trilhão de reais em vendas seja superado apenas em 2028.
De acordo com os especialistas do BTG Pactual, quatro tendências principais devem pautar o comércio eletrônico brasileiro no horizonte futuro: uma expansão mais modesta do volume total de vendas, influenciada por fatores como a redução da renda disponível e restrições de capital, além de uma retomada das vendas em estabelecimentos físicos; uma ênfase maior na rentabilidade e na preservação de recursos financeiros, com menos atenção a categorias de produtos menos lucrativas; a concorrência de plataformas internacionais como Shein, Shopee e, potencialmente, Temu no mercado nacional; e um processo acelerado de consolidação de mercado entre os principais operadores do setor.
Interessantemente, uma parcela significativa dos gastos dos consumidores brasileiros tem sido direcionada a e-commerces internacionais. Estima-se que a Shopee tenha registrado vendas de aproximadamente R$ 20 bilhões no Brasil no último ano, enquanto a Shein teria alcançado vendas na ordem de R$ 10 bilhões, conforme análise dos especialistas do banco.