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Nos últimos dias da temporada de balanços do segundo trimestre, o mercado voltou suas atenções para os resultados divulgados pelos principais bancos do país. Apesar da euforia na bolsa de valores com os números positivos do Nubank (ROXO34) e o lucro recorde do Inter (INBR32), ambos os ativos ainda são classificados como neutros pelo BTG Pactual.
De acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira (21), o BTG Pactual decidiu reabrir sua recomendação de preferência pelo Inter em relação ao Nubank para investidores interessados nos bancos digitais da América Latina. Desde que a operação anterior foi encerrada em 5 de agosto, quando o banco mudou sua preferência do Nubank para o Inter, as ações do Nubank subiram 35%, enquanto as do Inter avançaram 22%.
Para o BTG, os dois bancos digitais são as ações com melhor desempenho dentro da cobertura da instituição na América Latina. No entanto, os analistas continuam preferindo o Inter. "Esperamos que essa recente sequência de vitórias continue", afirma o relatório.
Apesar da preferência pelo Inter, os analistas do BTG explicaram as razões por trás das classificações neutras para as ações dos bancos digitais. Confira:
Nubank: ROE muito forte, mas com "qualidade inferior"Segundo a análise do BTG, embora o Nubank tenha apresentado lucros mais fortes do que o esperado no segundo trimestre, com um retorno sobre o patrimônio (ROE) de 28%, há uma "superação em provisões de crédito mais baixas", conforme apontaram os analistas.
"Obviamente, estamos lidando com expectativas muito altas (ao contrário de Bradesco e XP, onde as expectativas eram bem mais baixas). Mas parecia que o Nubank poderia (ou deveria) ter provisionado um pouco mais", comenta a instituição.
Os analistas do BTG também destacaram as recentes teleconferências de resultados, nas quais a diretoria do Nubank não trouxe novas informações sobre a operação no México, sobre clientes de alta renda ou sobre a área de empréstimos consignados do banco.
"Enquanto muitos analistas locais, mais focados em bancos, expressaram algum desconforto com a dinâmica da qualidade dos ativos do Nubank, o banco tem mostrado até agora que pode continuar a aumentar rapidamente sua receita (e lucros), que é o que realmente importa", afirmam.
Inter pode expandir o "Pix Crédito" após sucesso do NubankNo caso do Inter, o BTG considerou os resultados do segundo trimestre encorajadores. Contudo, ressaltou que o balanço trouxe novamente uma queda nos lucros, resultando em uma correção nas ações.
"Tivemos a oportunidade de receber a alta gerência no Rio, onde eles transmitiram uma mensagem muito construtiva sobre a expansão contínua do ROE, que esperamos aumentar de 10% no 2T2024 para 15% no 4T2024."
Além disso, outros fatores ainda podem impulsionar a rentabilidade do Inter, como "a recuperação da carteira de cartão de crédito e a implantação integral do Pix Crédito".
"Para nossa surpresa, o Inter também foi incluído no MSCI, o que provavelmente também está ajudando", acrescenta o BTG. Os analistas também destacaram a alta de 11% nas ações do Inter desde a divulgação dos resultados do segundo trimestre.
Ações com os melhores desempenhos, mas ainda neutrasAs tendências são favoráveis não apenas para as companhias brasileiras, mas também para os bancos digitais em todo o mundo, afirmou o BTG, mencionando as fintechs Kaspi, Monzo e Revolut.
Contudo, "números impressionantes, narrativas fortes e a percepção geral de que a tese do 'banco digital' está se materializando explicam por que o Inter e o Nubank tiveram desempenho superior na cobertura do BTG para ações e bancos digitais".
Embora o BTG tenha preferido o Nubank no início do ano, o rali contínuo da fintech — que os analistas acreditam ter sido "exagerado" — fez com que o banco mudasse sua preferência para o Inter. "Dado o grande desempenho superior da Nu desde então, juntamente com seu prêmio muito maior, preferimos mais uma vez o Inter", conclui o relatório.