Casas Bahia anuncia fechamento de até 100 lojas e corte de funcionários
A companhia espera ter uma redução de até R$ 1 bilhão em estoques neste ano

A Via, dona das marcas Casas Bahia e Ponto (antigo Ponto Frio), anunciou um novo plano de negócios nesta quinta-feira (10), que inclui o fechamento de até 100 lojas ainda em 2023 e a demissão de 6 mil funcionários.

A companhia espera ter uma redução de até R$ 1 bilhão em estoques neste ano e pretende adotar mudanças na forma de captação de recursos para financiar o crediário (uma forma de pagamento oferecida aos clientes).

Segundo o presidente da Via, Renato Horta Franklin, a empresa já começou a reduzir o número de lojas. O plano é fechar entre 50 e 100 unidades.

Para essa redução bilionária dos estoques, a ideia da Via é levar os produtos que menos geram lucro para a empresa - principalmente os itens de menor preço - para o seu marketplace, deixando as lojas físicas apenas com o que oferece maior lucratividade para a companhia.

"Esse ajuste das 100 lojas vai trazer uma liberação de estoques de R$ 200 milhões", afirmou o presidente da empresa.

Mudança na gestão

A transformação do modelo de negócios ocorre depois de uma mudança na alta gestão da companhia durante o segundo trimestre deste ano.

Renato Horta Franklin saiu da empresa de aluguel de carros Movida para assumir a presidência da varejista, e Elcio Mitsuhiro - que passou pela produtora de itens automotivos Iochpe-Maxion e empresa do ramo alimentício BRF - ocupa agora a cadeira de diretor financeiro.

Franklin explica que a companhia já tinha uma estratégia de crescimento focada nas vendas pelos meios digitais, além da abertura de novos canais, da expansão de lojas e de aposta em fintechs.

"Nós entendemos que isso tudo foi feito. Construímos uma super plataforma, e ela já é grande. Então, entre investir para crescer mais essa plataforma ou pegar e rentabilizar o que tenho aqui, preferimos ganhar dinheiro com o que tem aqui", diz.

Estratégia

A empresa também anunciou que planeja reduzir em até 40% os seus de investimentos.

Com a implementação dessas transformações operacionais divulgadas, a companhia estima poder gerar R$ 1 bilhão em lucro líquido (sem descontar o imposto de renda), mas ainda não sabe quando.

O plano tem uma série de potenciais ganhos de lucro até 2025. Mitsuhiro observou, no entanto, que esse "não é um plano que vai demorar até 2025", sem dar detalhes do cronograma.

A nova gestão da Via também anunciou modificações para fortalecer a estrutura de capital da companhia. Uma das alterações principais é com relação à captação de recursos.

A Via tem atualmente 50% de sua exposição de crédito ligada aos crediários, disse Mitsuhiro. Ou seja, quando um cliente compra um produto no carnê parcelado, a Via adianta os valores a serem recebidos junto a bancos e depois devolve, com juros, quando o cliente terminar de pagar.

Agora, o plano é colocar a carteira de crediário no mercado de capitais por meio de fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) e cessão da carteira de crediário ao FIDC.

"Quando eu começo a tombar isso para uma estrutura de FIDC eu tenho uma liberação de limites de crédito da ordem de R$ 5 bilhões ou mais. E aí posso usar esse limite para outras finalidades dentro da companhia, e o meu crediário está sendo financiado via mercado de capitais de forma direta", afirmou.

Em fato relevante, a companhia disse que engajou o Banco BTG Pactual e a Polígono Capital visando a estruturação de um primeiro FIDC, bem como um estudo de potencial emissão e oferta de cotas desse FIDC, no valor de até R$ 1,5 bilhão.

A Via também anunciou uma continuidade na sua estratégia de monetização de créditos fiscais, com previsão de gerar R$ 2,5 bilhões neste ano, sendo que cerca de R$ 1,2 bilhão já foram monetizados, segundo os executivos.

A empresa ainda mira gerar mais R$ 500 milhões com monetização de outros ativos, como operações de "sale and leaseback" com lojas - uma operação em que a loja é vendida, mas pode continuar sendo utilizada por meio de aluguel -, disse Mitsuhiro.

Resultados do segundo trimestre

O plano é lançado em meio a mais um prejuízo trimestral, dessa vez de R$ 492 milhões no período de abril a junho, após lucro de R$ 6 milhões um ano antes, no que foi o último lucro trimestral contábil da companhia desde então.

O balanço divulgado nesta quinta-feira mostra a última linha do resultado pressionada por resultado financeiro negativo de R$ 801 milhões, e receita em queda.

No segundo trimestre, a Via teve um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 469 milhões, queda de 32,1% ano a ano.

A receita líquida caiu 2,1% na base anual, para R$ 7,49 bilhões, com margem bruta de 28,5%, recuo de 2,9 pontos percentuais contra o mesmo período do ano anterior.

As vendas tiveram alta de 9% no marketplace e queda de 1,2% no modelo direto ao consumidor.

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