Economia brasileira deve enfrentar alta de juros com apoio de safra e poupança familiar, diz Bradesco
Entre os fatores que podem sustentar a economia diante do aperto monetário, o banco destaca uma safra robusta de grãos prevista para o próximo ano

A economia brasileira poderá contar com alguns amortecedores para minimizar os efeitos da alta de juros e evitar uma desaceleração mais acentuada do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos trimestres, de acordo com análise do departamento de pesquisas econômicas do Bradesco. Entre os fatores que podem sustentar a economia diante do aperto monetário, o banco destaca uma safra robusta de grãos prevista para o próximo ano e a poupança acumulada pelas famílias ao longo de 2024, que deve ajudar a manter o consumo.

O economista Marcelo Gazzano, autor do relatório, também aponta o impacto positivo da valorização do salário mínimo, acima da inflação, como um elemento capaz de garantir ganhos reais para os trabalhadores e beneficiários de programas de transferência de renda. Esse reajuste poderá auxiliar o poder de compra da população e, assim, conter parte da retração econômica esperada com o aumento da taxa Selic.

Perspectivas para a taxa de juros e o impacto no PIB

Apesar dos fatores de sustentação, o Bradesco considera que o aumento de juros terá um impacto significativo na economia. Com base no modelo de projeção de inflação do Banco Central (BC), o banco acredita que uma Selic próxima de 13,5% seria necessária para atingir a meta de inflação. Contudo, considerando uma possível valorização do real e uma estabilização das expectativas inflacionárias, o Bradesco ajustou a previsão para um patamar de cerca de 1 ponto percentual a menos, fixando a Selic em 12,25% para o início de 2025.

Em uma revisão divulgada nesta semana, o Bradesco ajustou suas expectativas para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), prevendo que o ciclo de alta de juros deve ser encerrado com a taxa em 12,25% no começo de 2025.

Cenário de restrição monetária entre os mais severos dos últimos anos

O relatório destaca que o cenário atual é diferente de outros períodos de aperto monetário, pois já começa com a taxa de juros em um patamar considerado restritivo. Gazzano observa que, ao final do ciclo, o Brasil terá uma das políticas monetárias mais rigorosas dos últimos anos, o que deverá desacelerar o crescimento econômico.

Historicamente, todos os momentos de elevação de juros pelo BC geraram uma desaceleração do PIB, e este ciclo não deve ser diferente. A expectativa é que a combinação de uma política monetária rígida com uma Selic elevada provoque uma redução no ritmo de crescimento, ainda que a economia conte com alguns “colchões” para suportar parte do impacto, segundo o economista.

Em meio a um cenário de aperto monetário que se intensifica, a economia brasileira deve encontrar suporte na poupança acumulada pelas famílias, no reajuste do salário mínimo e no setor agrícola, mas ainda assim enfrenta um caminho de crescimento mais lento, impulsionado pela busca do Banco Central por controle inflacionário rigoroso.

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