Em quais títulos do Tesouro Direto investir com a Selic em queda
O Tesouro Selic já foi considerado o investimento com a melhor combinação de risco e retorno no Brasil

O Tesouro Selic já foi considerado o investimento com a melhor combinação de risco e retorno no Brasil. Com a taxa de juros básica em torno de 13,75%, esse título proporcionou um retorno atraente com a segurança garantida pelo Tesouro Nacional, o mais alto nível de segurança para um ativo no país.

 Contudo, em agosto deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou uma sequência de reduções na taxa Selic, tendência que deve prosseguir em 2024. Isso levou os investidores a procurarem outras opções de investimento com rendimentos potencialmente maiores, como os títulos do Tesouro pré-fixados.

Conforme o Boletim Focus, publicado em 4 de dezembro, a expectativa do mercado é que a taxa Selic termine 2023 em 11,75% e 2024 em 9,25%. Isso indica que os investimentos atrelados à Selic e ao CDI terão rendimentos menores no ano seguinte. 

As projeções para a inflação também apontam para uma redução. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma variação de 4,82% nos últimos 12 meses até outubro. Para o ano de 2023, espera-se que o índice fique em torno de 4,55%, e para 2024, a previsão é de uma inflação de 3,92%. 

Diferentemente do Tesouro Selic, os títulos atrelados ao IPCA oferecem ao investidor a inflação mais um ganho real aproximado de 5,5% – variando entre 5,49% e 5,70%. Assim, se as estimativas para o próximo ano se concretizarem, o Tesouro IPCA+ teria um rendimento quase equivalente ao do Tesouro Selic, em torno de 9,5% ao ano.

Tesouro pré-fixado terá o maior rendimento em 2024

Considerando as projeções para a inflação e a taxa básica de juros, os títulos do Tesouro com os maiores ganhos em 2024 serão os pré-fixados. Hoje, há três opções disponíveis para o investidor, com diferentes prazos. O Tesouro Pré-Fixado 2026, com rentabilidade de 10,08% ao ano; o título com vencimento em 2029, que paga 10,68% ao ano; e o título com juros semestrais e prazo para 2033, que rende 10,96% ao ano.

“Para o cliente que aplica agora com prazos de até dois anos, temos recomendado pré-fixados, pois o investidor garante uma taxa boa em um cenário de queda nos juros”, explica Simone Albertoni, especialista em renda fixa na Ágora Investimentos.

A analista ressalta, porém, que esse tipo de título não protege contra a inflação. Ou seja, se a alta dos preços ultrapassar a rentabilidade do Tesouro Pré-Fixado até o seu vencimento, o investidor terá os recursos desvalorizados. Por isso, para objetivos de longo prazo, o ideal é que optar por títulos indexados ao IPCA.

“No momento, sugerimos Pré-Fixados para prazos curtos, de até dois ou três anos. Além de proteger o investidor contra o cenário de corte de juros, esses títulos também são bons para quem quer ter mais previsibilidade, já que o cliente conseguirá calcular quanto vai receber no vencimento do ativo, independente da oscilação de outras variáveis no mercado, como CDI e o IPCA”, acrescenta Simone.

Escolha dos títulos deve considerar o objetivo

A rentabilidade é um fator importante na hora de escolher onde investir o dinheiro. No entanto, também é preciso ter em mente o objetivo da aplicação e, consequentemente, o prazo necessário. Por exemplo, se o investidor tem 30 anos e o objetivo é guardar dinheiro para a aposentadoria, o prazo será de cerca de 35 anos. Já se a ideia é fazer uma viagem, o prazo poderá ser mais curto, de um ou dois anos.

Alex Nery, professor da FIA Business School, afirma que o Tesouro Selic é a aplicação mais recomendada para quem deseja construir uma reserva financeira de emergência ou tem objetivos de curto prazo. Como não está sujeito às marcações a mercado, esse título permite que o investidor resgate o dinheiro a qualquer momento sem perdas.

“Já o Tesouro IPCA é a melhor estratégia para quem tem objetivos de longo prazo e quer proteger o seu poder de compra, não está muito preocupado com volatilidades no curto prazo. No longo prazo, é difícil prever o que vai acontecer e o IPCA garante a inflação, mais uma taxa real”, afirma Nery.

O Tesouro Pré-Fixado, por sua vez, pode oferecer boas oportunidades no médio prazo, em que o mercado tem projeções para a inflação e para a taxa de juros com tendência de queda.

“Existe uma certa volatilidade, mas se confiarmos nas projeções, o Pré-Fixado paga hoje as melhores taxas de juros, acima de 10%, com o menor risco possível dentro da economia”, destaca o professor.

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