Especialistas apontam os principais investimentos com a Selic em 10,5%
Títulos pós-fixados não são mais os favoritos dos especialistas

Mantida a taxa Selic em 10,5%, especialistas apontam quais os principais investimentos para colocar na carteira e quais os que não são tão recomendados e que precisam de cautela.

Onde Investir na renda fixa agora

Tesouro IPCA+

Os títulos do Tesouro IPCA+ continuam sendo os favoritos dos especialistas. Dado o cenário incerto, a ambivalência desses papéis, que protegem contra a alta da inflação enquanto oferecem remuneração elevada, é altamente valorizada.

“Poucas vezes vi todos os vencimentos com juro real (além da inflação) acima de 6,30%; há um prêmio de risco muito grande e é um bom momento para investir em IPCA+ e prefixados, com IPCA+ mais estável e bem premiado”, opina Ricardo Nunes, CIO de crédito da Paramis Capital.

Títulos Prefixados

Os títulos prefixados voltaram à lista de preferências dos especialistas. Eles acreditam que o mercado está exagerando na precificação dos juros, permitindo travar a remuneração em níveis mais altos do que os ofertados no futuro. “Estamos posicionados em prefixados curtos, até janeiro de 2026; acho que a alta de 2 pontos percentuais na Selic precificada na curva de juros não se materializa”, explica Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital.

O que evitar (ou ter cautela) agora

Tesouro Selic

Entre os títulos públicos, os pós-fixados – representados pelo Tesouro Selic na renda fixa pública – já foram os preferidos dos analistas e continuam sendo boas opções, mas atualmente a maior atratividade está em outros indexadores. “Temos caixa lá, mas, entre as três opções, é a que menos gostamos; se o investidor tiver disponibilidade para carregar Tesouro IPCA+, é melhor”, diz Marco Bismarchi, sócio e gestor de portfólio da TAG Investimentos.

Crédito Privado

Algumas gestoras estão sendo cautelosas na compra de debêntures e outros papéis emitidos por empresas não financeiras. A avaliação é de que a remuneração caiu demais nos últimos meses e não compensa o risco. “Vimos uma compressão de spreads (juros adicionais em relação aos títulos públicos) nos papéis de maior qualidade que já passou do racional”, diz o CIO da Paramis. Ele explica que estão aguardando uma abertura nas taxas para comprar papéis de qualidade e, por enquanto, focam em operações mais curtas e em papéis considerados mais arriscados, que pagam mais.

A Galapagos também está esperando uma abertura nos spreads para voltar a investir com força total no crédito privado. “Nesse nível de preço, não vemos muita atratividade para continuar com posições de papéis mais líquidos (de empresas grandes, consideradas mais sólidas); estamos com um pouco mais de caixa para esperar uma eventual abertura”, explica Fábio Guarda.

No entanto, essa avaliação não é unânime. Para a XP, ainda há oportunidades apesar dos spreads menores, mesmo que fiquem mais táticas. “Tudo parte do risco soberano, e se os títulos públicos estão apreçando um risco alto, o título privado também vai estar. Então, apesar do spread ter fechado, ele ainda existe e as taxas continuam elevadas”, avalia Rachel de Sá, estrategista de investimentos da XP.

O mercado não identifica um gatilho específico que possa disparar a abertura nos spreads. Os analistas dizem que é preciso ter paciência e esperar. Por ora, os setores de saneamento e energia elétrica são os preferidos da Paramis, que também vê oportunidades nas empresas de saúde, como Hapvida (HAPV3). “É preciso entender os cases bons mesmo em setores com uma história desfavorável”, recomenda Nunes.

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