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Foi anunciado nesta terça-feira (20) o lançamento de um novo fundo de crédito de até R$ 5 bilhões, destinado a financiar projetos de infraestrutura de pequeno e médio porte no Brasil, em uma parceria entre bancos de fomento e o setor privado.
Denominado Pátria Infra Crédito FIDC, o fundo conta com recursos provenientes da International Finance Corporation (IFC), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e da Pátria Investimentos. Inicialmente, o fundo possui mais de R$ 1,5 bilhão comprometidos, com capacidade para investir inicialmente R$ 1 bilhão em projetos que englobam mobilidade, transição energética, saneamento e infraestrutura de dados.
Natália Dias, diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, destaca que o aporte de R$ 500 milhões do banco tem como objetivo impulsionar iniciativas de menor porte, que enfrentam dificuldades para obter as garantias necessárias para financiamento junto ao banco de fomento. Ela ressalta que os investimentos do fundo estão alinhados com as diretrizes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Além de beneficiar a política pública, a participação do BNDES no FIDC visa estimular outros grandes investidores institucionais, como os fundos de pensão, a contribuírem com recursos para a iniciativa. Inicialmente, além dos R$ 500 milhões do BNDES, aproximadamente R$ 780 milhões serão provenientes da IFC e R$ 125 milhões do CAF. Um grande fundo de pensão brasileiro, não revelado, aportará outros R$ 150 milhões no FIDC, enquanto a Pátria Investimentos contribuirá com uma quantia não divulgada.
O fundo buscará projetos que demandem um financiamento médio de R$ 50 a R$ 100 milhões, visando uma carteira de cerca de 40 projetos quando atingir os R$ 5 bilhões. Com um prazo de 3 anos para investimento e 10 anos para desinvestimento, a expectativa é entregar um retorno de IPCA + 10% ao ano.
A estratégia envolve a estruturação de debêntures vinculadas ao prazo de concessão dos ativos ou a parcerias público-privadas (PPPs), com prazos que podem variar de 20 a 30 anos, sendo a saída dos ativos realizada por meio do mercado secundário de dívida. José Augusto Teixeira, sócio e chefe comercial da Pátria Investimentos no Brasil, destaca a flexibilidade do mandato do fundo para escolher o momento ideal de desinvestimento dos ativos.
Teixeira ressalta que, em comparação com outros fundos de crédito em infraestrutura, o diferencial do novo veículo é seu foco pioneiro em oferecer recursos para projetos menores de infraestrutura, que geralmente enfrentam desafios relacionados ao custo de capital.
Marcelo Souza, sócio e chefe das estratégias de infraestrutura e energia da Pátria no Brasil, destaca que o fundo oferecerá uma dívida competitiva e flexível, embora não seja equiparável a um crédito direto com o BNDES. Ele destaca a utilização de instrumentos como as debêntures incentivadas, que permitem oferecer condições favoráveis aos projetos.