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O Bitcoin (BTC) caiu 16% nesta segunda-feira, enquanto o ether (ETH) zerou os ganhos acumulados no ano, em meio ao pânico geral que tomou conta dos mercados desde a abertura das bolsas asiáticas. O índice Nikkei, da bolsa de Tóquio, despencou 12,4% durante a madrugada, registrando seu pior desempenho desde o crash de 1987, devido aos temores de uma recessão nos Estados Unidos.
Fatores Econômicos e Impacto no Mercado
A relutância do Federal Reserve em reduzir a taxa de juros dos EUA, atualmente entre 5,25% e 5,5% ao ano, aliada ao último dado de emprego do país, que revelou a criação de 114 mil vagas em julho contra uma expectativa de 185 mil, tornou o risco de recessão uma probabilidade real.
Esse cenário de incerteza atingiu em cheio o mercado de criptoativos, fazendo com que criptomoedas como o ether zerassem os ganhos acumulados no ano e entrassem em território negativo em poucas horas de negociação. Desde sexta-feira, o mercado cripto perdeu mais de US$ 450 bilhões em valor de mercado.
Declarações dos Líderes do Setor
Diante do pânico, o CEO da Binance, Richard Teng, afirmou na rede social X (Twitter) que a recente queda é influenciada por fatores macroeconômicos e não indica uma tendência de longo prazo para o desempenho das moedas digitais. “Com potenciais cortes nas taxas do Fed e volatilidade geopolítica, ainda há um potencial significativo para flutuações de mercado”, escreveu Teng.
Desempenho das Criptomoedas
Perto das 8h45 (horário de Brasília), o bitcoin desabava 16% em 24 horas, cotado a US$ 51.002, enquanto o ether, moeda digital da rede Ethereum, derretia 23%, sendo negociado a US$ 2.243, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo é de US$ 1,87 trilhões. Em reais, o bitcoin apresentava desvalorização de 10,5%, cotado a R$ 315.045, enquanto o ether registrava perdas de 17,34%, valendo R$ 13.924, de acordo com valores fornecidos pelo MB.
Entre as altcoins (criptomoedas que não são o bitcoin), a solana (SOL) despencou 20,1%, para US$ 114,52, o BNB (token da Binance Smart Chain) teve queda de 18,2%, para US$ 429,76, e a avalanche (AVAX) desabou 19,5%, para US$ 18,10.
Análises e Perspectivas
André Franco, head de análise do MB, atribuiu a queda ao cenário japonês após a bolsa do país acionar o “circuit break” (mecanismo que paralisa automaticamente a compra e venda de ações em casos de quedas acentuadas). “É uma economia muito dependente da americana e fortemente ligada do ponto de vista do fluxo de dinheiro, o que causa um tremor no mundo inteiro. É importante entender que as coisas ainda vão se desdobrar ao longo da semana”, afirmou.
José Artur Ribeiro, CEO da Coinext, comentou que o bitcoin, sendo um ativo que opera continuamente, respondeu imediatamente às mudanças, servindo como um termômetro inicial para a liquidez global. “O bitcoin pode sofrer com a fuga de liquidez, mas é improvável que vejamos uma queda muito mais acentuada no ativo daqui para frente, com os investidores já antecipando e reagindo a negatividades potenciais”, defendeu. “Os fundamentos robustos da criptomoeda nos garantem que ela irá se recuperar, ainda que seja esperada alta volatilidade nos próximos dias."
Movimentação nos ETFs
Entre os fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista que operam nas bolsas americanas, na sexta-feira (2) foi registrado um saldo líquido negativo de US$ 237,4 milhões. O FBTC, da Fidelity, liderou os fluxos de saída com US$ 104,1 milhões de excesso de vendas de cotas em relação às compras. Entre os ETFs de ether à vista, o saldo também foi negativo, somando US$ 54,3 milhões, com o ETHE, da Grayscale, sendo o principal responsável pela saída de capital, com US$ 61,4 milhões.