Relatório de Inflação do BC aponta que percepção dos analistas sobre situação fiscal piorou
No âmbito do Governo Central, o RTI aponta que tanto as receitas quanto as despesas apresentaram crescimento significativo nos primeiros quatro meses do ano

No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (27 de junho), o Banco Central destacou que, embora os resultados fiscais de curto prazo não tenham surpreendido negativamente, "a percepção dos analistas consultados pelo BC acerca da situação fiscal piorou desde o Relatório anterior", publicado em março.

"Considerando a evolução das receitas e despesas, o governo federal manteve a indicação de que cumprirá a meta de resultado primário estabelecida para este ano. Não obstante, a mudança nas metas indicativas de resultado primário para 2025 e 2026, as resistências para aprovação de medidas de recomposição de receita e a tragédia no Rio Grande do Sul (RS) fizeram com que aumentasse a percepção de risco fiscal entre os analistas", destacou o BC.

No âmbito do Governo Central, o RTI aponta que tanto as receitas quanto as despesas apresentaram crescimento significativo nos primeiros quatro meses do ano, destacando que o aumento da arrecadação previdenciária, por exemplo, reflete o impacto do mercado de trabalho mais forte. O BC ressalta que a tragédia no RS "deve pressionar o resultado primário neste ano", já que o governo federal está adotando uma série de medidas para ajudar na reconstrução do estado e dar suporte a empresas e famílias — as despesas primárias para enfrentamento da calamidade pública serão desconsideradas na aferição do cumprimento da meta de resultado primário.

A tramitação no Congresso das medidas de recomposição de receitas propostas pelo Poder Executivo, por outro lado, tem se mostrado mais desafiadora, de acordo com o BC, que cita o enfraquecimento de algumas medidas e a recente devolução da MP do Pis/Cofins.

Cenário Externo

O RTI destaca que o ambiente externo "caracteriza-se pela resiliência da atividade e pela continuidade gradual do processo de desinflação". "As expectativas de inflação para prazos mais longos permanecem ancoradas nas economias avançadas, embora o núcleo de inflação ainda se encontre em níveis elevados e acima da meta em muitas economias", pontuou o BC no comunicado.

De acordo com a autoridade monetária, as expectativas de inflação projetam velocidades diferentes de desinflação entre países, implicando em trajetórias prospectivas de juros de política monetária também diferentes.

O BC aponta que a inflação na zona do euro segue desacelerando em 2024, com uma pequena variação para cima em maio, "embora a inflação de serviços permaneça elevada". Em relação ao crescimento econômico da China, o BC comenta que "tende a apresentar desaceleração no segundo trimestre".

"Em síntese, a persistência das pressões inflacionárias segue como o principal elemento de risco para o cenário prospectivo da política monetária dos países avançados e emergentes e para a probabilidade de materialização de um cenário de pouso suave para a economia global", concluiu o BC na seção de Cenário Externo do RTI.

redacao
Conta Oficial Verificada