Equipe econômica mantém cautela enquanto mercado aposta em nova alta da Selic
Embora o cenário de mercado esteja mais pessimista em relação ao controle da inflação, a equipe econômica do governo mantém sua previsão oficial

Com o mercado cada vez mais convencido de que a taxa Selic sofrerá novos aumentos, a equipe econômica do governo federal adota um tom cauteloso e discreto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, segue evitando comentar abertamente as possíveis decisões do Banco Central (BC) em relação à política monetária. Internamente, no entanto, o discurso da pasta é de confiança de que a inflação permanecerá dentro da meta estabelecida, com um alvo central de 3% e teto de 4,5%.

O secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, reafirmou essa posição ao Broadcast após o relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 9 de setembro, mostrar uma alta nas projeções da Selic para o fim de 2024. A mediana das expectativas subiu 0,75 ponto porcentual, passando de 10,5% para 11,25%. "Quem decide política de juros é o BC. Nosso cenário segue sendo de inflação dentro da meta e em desaceleração neste ano e nos próximos", afirmou Mello, reforçando a confiança da Fazenda na condução da política econômica.

Inflação e Selic no centro do debate

Embora o cenário de mercado esteja mais pessimista em relação ao controle da inflação, a equipe econômica do governo mantém sua previsão oficial. Na última atualização dos parâmetros macroeconômicos, em julho, a Fazenda ajustou a estimativa do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 3,70% para 3,90% em 2024. No entanto, a projeção do Focus para o IPCA subiu pela oitava semana consecutiva, atingindo 4,30%, o que aproxima a previsão do teto da meta de 4,5%.

O relatório Focus também aponta que a Selic deve subir para 10,75% já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o dia 18 de setembro, com aumentos adicionais em novembro e dezembro, encerrando o ano em 11,25%. Esse cenário coloca a Fazenda em uma posição delicada, especialmente após a artilharia pesada do governo contra o BC durante o início do mandato de Lula, quando a instituição demorou a iniciar o ciclo de cortes na taxa básica de juros.

A complexidade da situação atual aumenta devido ao fato de que Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula para comandar o BC, foi o primeiro a sugerir que a instituição poderia considerar um aumento da Selic para conter a inflação.

Haddad mantém postura cautelosa

Em meio a esse contexto, Haddad tem evitado fazer previsões ou avaliar publicamente o futuro da taxa de juros. Em entrevista à GloboNews na semana passada, o ministro se esquivou de comentar se o BC deveria aumentar a Selic na próxima reunião do Copom, argumentando que seria "deselegante" opinar sobre o tema. Haddad reforçou sua confiança na capacidade técnica da equipe do BC, lembrando que o governo já indicou quatro diretores para a instituição, incluindo Galípolo para a presidência.

Apesar das pressões e das expectativas do mercado, Haddad tem enfatizado que a política econômica da Fazenda busca equilibrar o controle da inflação sem comprometer o crescimento da atividade econômica, perseguindo um "ajuste" que mantenha ambos os objetivos em equilíbrio.

redacao
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