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As reservas internacionais do Brasil atingiram o maior patamar em cinco anos, fechando setembro com US$ 372 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC). Desde dezembro de 2023, quando as reservas somavam US$ 355 bilhões, houve um crescimento expressivo, impulsionado principalmente pela valorização dos títulos públicos americanos — que representam uma parcela significativa das reservas brasileiras — e pelas receitas de juros.
As reservas funcionam como um “colchão” de segurança para a economia, auxiliando o país a enfrentar crises cambiais e choques econômicos. Esse fundo de estabilidade proporciona maior previsibilidade e segurança ao mercado, segundo o BC, ao atenuar oscilações cambiais e garantir a funcionalidade dos mercados.
Os dados do BC revelam que o crescimento das reservas em 2024 foi impulsionado por três fatores principais: o ganho de preços dos ativos que compõem as reservas (US$ 6,7 bilhões), as receitas de juros (US$ 6,4 bilhões) e as variações por paridade cambial (US$ 3,6 bilhões). A política de investimentos do Banco Central se apoia em um tripé de segurança, liquidez e rentabilidade, com a segurança sempre como prioridade.
Embora não haja consenso global sobre o “nível ótimo” de reservas, o BC afirma que o Brasil está em linha com práticas de outros países comparáveis. Sílvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, considera o nível de reservas do Brasil “volumoso” e destaca que o saldo inicial do ano já era favorável para as contas externas. “Esse aumento valoriza os ativos que temos em reserva, mas, de certa forma, não altera substancialmente a posição confortável que já tínhamos.”
Intervenções Pontuais no Câmbio para Equilibrar o Mercado
O BC utilizou as reservas uma única vez este ano para intervenção no mercado cambial, com a venda de US$ 1,5 bilhão em agosto, após um movimento atípico causado pelo rebalanceamento de um índice que incluiu empresas como Nubank, XP, PagBank e Stone. Roberto Campos Neto, presidente do BC, defende o regime de câmbio flutuante do Brasil e enfatiza que as intervenções só ocorrem quando há disfunções no mercado. Segundo o estrategista Victor Scalet, da XP, o BC tem entrado no mercado de câmbio de forma “bastante pontual” para compensar fluxos de saída conhecidos.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, ressalta a importância das reservas, destacando que países com níveis menores, como a Argentina, possuem uma menor capacidade de enfrentamento de crises externas, o que limita sua estabilidade. “O nível elevado das reservas brasileiras aumenta a confiança dos investidores e fortalece a posição do país frente a choques externos.”
Diversificação e Rentabilidade das Reservas
As reservas são aplicadas em títulos públicos, depósitos em moedas estrangeiras, ouro e outros ativos. Atualmente, US$ 299 bilhões dos US$ 372 bilhões estão aplicados em títulos, que geram rentabilidade ao país. A maior parte desses ativos está alocada em dólares, que representaram cerca de 80% das reservas em 2023. Segundo Campos Neto, a alta nos preços dos títulos americanos reflete a dinâmica das taxas de juros e ajuda a valorizar esses ativos.