Small cap dispara 159% e puxa retorno de melhor fundo de ação do ano
Fundos de ações com alocação em papéis de big techs americanas também puderam celebrar

As incertezas dos agentes financeiros quanto ao juro terminal americano, uma eventual recessão global e o novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) bagunçaram as peças do tabuleiro na hora de selecionar os melhores “cavalos” para alocar ao longo deste ano.

Dotado de uma carteira mais voltada para papéis de empresas de pequeno ou médio valor de mercado (small e mid caps), fundos de ações como o Organon FIC FIA conseguiram driblar a forte volatilidade no mercado de ações e finalizar este ano com ganhos de 55%, bem acima dos 20,15% registrados pelo Ibovespa (índice de referência da classe) até 8 de dezembro.

Companhias como a Marcopolo (POMO4), Oceanpact (OPCT3) e Valid (VLID3) foram algumas das empresas responsáveis pelo desempenho no ano — sendo a última o grande destaque, com uma alta de mais de 159% de janeiro até o dia 8 deste mês.

As ações da Valid têm passado por um processo de “reprecificação” ao longo deste ano, como gosta de definir a gestora. A companhia, que atua nos segmentos de meios de pagamento, sistemas de identificação e telecomunicações, passou por um processo de reestruturação da diretoria em 2020, decidiu desinvestir em áreas não prioritárias e reduziu o seu endividamento, o que trouxe ganhos operacionais.

No balanço mais recente, referente ao terceiro trimestre deste ano, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 61 milhões, montante 185% superior ao informado no mesmo intervalo de 2022, de R$ 21,4 milhões.

No comunicado, a empresa afirmou que o resultado foi fruto do crescimento do Ebtida (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) no período e de itens não recorrentes, como a venda da operação nos EUA e a redução expressiva do endividamento.

O levantamento feito com os fundos de ações que apresentaram melhor performance no ano levou em conta dados extraídos da plataforma TC/Economatica no começo do mês. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas em 8 de dezembro. Fundos monoação (que investem em apenas um papel) ficaram de fora.

Big techs são destaque

Fundos de ações com alocação em papéis de big techs americanas também puderam celebrar: caso do Arbor FIC FIA Bdr Nivel I, que obteve ganhos de quase 50% no acumulado do ano até o dia 8 deste mês.

Papéis como Microsoft (MSFT34), Amazon (AMZO34) e Meta (M1TA34) foram alguns dos destaques do portfólio ao longo de 2023, além de Banco Inter (BID3); (BID4); (BIDI11), como explica Leonardo Otero, sócio-fundador da Arbor Capital.

“Ano passado, o mercado estava muito pessimista com o futuro da inflação e da economia americanas. Neste ano, os agentes perceberam que o ambiente não ia ser tão ruim quanto estava precificado. As ações recuperaram parte da queda de 2022”, justifica Otero.

Apesar da subida vista ao longo do ano, o executivo da Arbor defende que ações de companhias como Meta, Amazon e Microsoft, por exemplo, não estão “caras” e que ainda vale a pena manter na carteira. “Ao alongar o horizonte de análise, é possível ver que elas não subiram muito. Estão no mesmo nível de três anos atrás. Olho para os próximos cinco anos e vejo retornos bem interessantes, bem acima do que eu teria comprando CDI”, resume o executivo.

Olho no corte de juros

Atenta ao processo de flexibilização monetária em países desenvolvidos ao redor do mundo em 2024, a Arbor fez uma mudança de alocação recente, com o aumento de posição na canadense Brookfield. Otero justifica que a companhia foi negativamente afetada por estar mais alavancada e por pertencer a um setor que é mais sensível a juros, como o imobiliário.

“Ela já subiu após o pronunciamento do Fed [banco central americano] deste mês que colocou cortes no radar em 2024. Ela [Brookfield] deve ser beneficiada com o ciclo contínuo de queda de juros”, afirma o executivo.

A elevação da posição em Brookfield foi acompanhada pelo encerramento da posição em Banco Inter que a casa detinha. A decisão de saída ocorreu após a forte alta registrada pelo papel ao longo deste ano, explica Otero.

Além da expectativa de corte de juros mundo afora no ano que vem, a Arbor diz que estará atenta à corrida eleitoral nos Estados Unidos e às discussões em torno da piora do gasto fiscal americano. “A agressividade fiscal dos candidatos pode bater na curva longa americana e influenciar os preços dos ativos”, lembra o executivo.

(Portal Infomoney)

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