A Toyota Motor e a BMW estão prestes a intensificar sua colaboração no desenvolvimento de veículos movidos a células de combustível, uma tecnologia que ambas as gigantes automotivas veem como a próxima geração de veículos ecológicos. Essa decisão surge em um momento em que o crescimento da demanda por veículos elétricos (EVs) está desacelerando, conforme apurado pelo jornal Nikkei. A BMW planeja iniciar a produção em massa de um modelo de veículo a célula de combustível nos próximos anos.
As duas empresas devem formalizar a nova fase de sua parceria com a assinatura de um memorando de entendimento na próxima semana, que será anunciado oficialmente durante a mesa-redonda de imprensa da BMW em 5 de setembro.
Tecnologia a Células de Combustível: Aposta no Futuro
Os veículos movidos a células de combustível operam por meio da geração de eletricidade através de uma reação química entre hidrogênio e oxigênio, emitindo apenas água como subproduto, sem liberar dióxido de carbono. Essa característica faz com que esses veículos sejam considerados por muitos como "o veículo ecológico definitivo". Além disso, eles possuem a vantagem de um tempo de abastecimento significativamente mais curto em comparação com os veículos elétricos tradicionais.
A parceria entre Toyota e BMW no desenvolvimento de veículos a células de combustível já existe desde junho de 2012, embora o papel da Toyota até agora tenha se limitado ao fornecimento de um número restrito de componentes. Com a nova fase da parceria, a Toyota fornecerá à BMW componentes-chave adicionais, como tanques de hidrogênio e sistemas de células de combustível. A BMW, por sua vez, utilizará sua tecnologia interna de veículos elétricos, incluindo sistemas de propulsão, para completar a fabricação dos veículos.
O Futuro do iX5 Hydrogen e da Parceria Toyota-BMW
A BMW já desenvolveu um modelo conceitual de veículo a célula de combustível, o iX5 Hydrogen, que é equipado com dois tanques de hidrogênio e possui uma autonomia de mais de 500 quilômetros, além de poder ser reabastecido em apenas três a quatro minutos. Esse modelo conceitual é baseado no SUV X5 da BMW.
A produção em massa do iX5 Hydrogen está prevista para começar dentro de alguns anos. Ao integrar totalmente o sistema de células de combustível fornecido pela Toyota, a BMW espera reduzir os custos de desenvolvimento e produção, tornando o veículo mais acessível.
A Toyota, que já é líder na produção em massa de veículos a células de combustível com o lançamento do Mirai em 2014, também busca reduzir os preços desses veículos por meio da parceria. Atualmente, o Mirai é vendido no Japão por mais de 7 milhões de ienes (aproximadamente US$ 48 mil), o que tem dificultado sua popularização entre os consumidores. A colaboração entre Toyota e BMW visa justamente compartilhar componentes-chave que representam uma grande parte do custo, permitindo a redução dos preços finais.
Desafios e Perspectivas para o Hidrogênio
Enquanto o crescimento dos veículos elétricos desacelera, o interesse por veículos a células de combustível ganha força. Em julho, a Honda Motor lançou um novo veículo movido a célula de combustível no Japão e nos EUA, revertendo sua decisão anterior de interromper a produção desses veículos em 2021.
A BMW planeja expandir sua linha de modelos a célula de combustível na década de 2030, começando com o iX5 Hydrogen. Além disso, a parceria aprimorada entre Toyota e BMW deve incluir a cooperação no desenvolvimento da infraestrutura de abastecimento de hidrogênio na Europa. Atualmente, a Europa possui apenas 270 postos de abastecimento de hidrogênio, um número significativamente menor em comparação com as 632 mil estações de recarga pública de veículos elétricos na União Europeia até o final de 2023, segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis.
Conclusão
A intensificação da parceria entre Toyota e BMW sinaliza um movimento estratégico das duas montadoras para liderar o mercado de veículos sustentáveis. Ao apostar no desenvolvimento de veículos a células de combustível, as empresas visam não apenas atender à demanda por tecnologias mais limpas, mas também superar os desafios econômicos e de infraestrutura que ainda limitam a adoção em larga escala dessa solução promissora.
