Os preços da gasolina, etanol e diesel devem subir a partir de fevereiro, mas o principal motivo não é a defasagem em relação ao mercado internacional, e sim o aumento das alíquotas do ICMS aprovado no fim de 2024. O reajuste, definido pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), eleva a tributação sobre gasolina e etanol em 7,1% e sobre diesel e biodiesel em 5,3%, impactando diretamente o preço final pago pelos consumidores.
Impacto do ICMS e resistência da Petrobras
A Petrobras manteve o preço do diesel estável ao longo de 2024 e realizou apenas um reajuste na gasolina, em julho. No entanto, o cenário global vem pressionando a estatal a rever sua política de preços. O petróleo atingiu os maiores níveis desde agosto, impulsionado por novas sanções dos Estados Unidos à Rússia, e o dólar continua acima de R$ 6, encarecendo importações de combustíveis.
Atualmente, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço dos combustíveis no Brasil está abaixo do mercado internacional. A defasagem do diesel chega a -21%, enquanto a gasolina apresenta uma diferença de -13% em relação ao Preço de Paridade de Importação (PPI). Desde que a Petrobras abandonou a política de reajustes exclusivamente baseada no PPI, a estatal passou a considerar outros fatores, como a competitividade no mercado interno.
O impacto no consumidor e no mercado
Para os consumidores, a alta dos combustíveis deve ser sentida nas bombas a partir de fevereiro, principalmente no diesel, que tem um percentual maior de importação (entre 20% e 30%) em relação à gasolina (entre 5% e 10%). Esse fator faz com que o diesel seja mais impactado por variações cambiais e oscilações do mercado global.
Segundo o Santander, a Petrobras precisaria aumentar os preços da gasolina e do diesel entre 7% e 8% para equipará-los ao mercado internacional. No entanto, a empresa afirmou publicamente que segue monitorando o mercado, mas não pode antecipar suas decisões por questões concorrenciais.
Enquanto a estatal resiste à pressão de reajustes, segurando os preços abaixo dos praticados no mercado externo, os consumidores devem enfrentar o aumento nas bombas devido ao impacto da alta do ICMS. A tendência para os próximos meses dependerá tanto da postura da Petrobras quanto das variações do mercado internacional de petróleo e câmbio.