A nova Medida Provisória publicada pelo governo nesta quinta-feira (12) pode aumentar o custo da produção de alimentos no país. A MP prevê o fim da isenção de Imposto de Renda para investimentos de renda fixa como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).
Embora o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha demonstrado desaceleração de alimentos e bebidas em maio, o custo permanece elevado para os produtores devido ao encarecimento da mão de obra, fertilizantes e oscilações cambiais. A inflação oficial registrou 0,26% em maio, surpreendendo economistas, com o grupo de alimentação e bebidas apresentando a menor variação desde agosto de 2024, com alta de apenas 0,17%.
Segundo Juliana Inhasz, doutora em economia pela USP e professora do Insper, o momento traz alívio para o consumidor, mas a nova medida governamental pode encarecer os preços no médio e longo prazo. “Apesar do Ministro da Agricultura falar que não, essa taxação em LCAs e CRAs vai fazer com que o crédito no setor fique mais caro. O momento é complicado para alguns produtores, com preços caindo porque tem oferta maior e demanda menor, ao mesmo tempo que o custo de produção cresce”, afirma.
Os principais destaques da deflação alimentar em maio foram as quedas do tomate (-13,5%), feijão preto (-4,5%), arroz (-4%), ovo de galinha (-3,98%) e frutas (-1,67%). A pesquisadora atribui a queda nos preços à maior oferta devido à melhoria nas condições climáticas e fatores sazonais. No caso do tomate, a safra de inverno e a perecibilidade do produto aumentaram a pressão de venda, reduzindo preços.
Para arroz e feijão, produtos de demanda mais estável, o principal fator de redução foi uma safra significativamente maior que a do ano anterior. Já ovos e peixes tiveram comportamento específico relacionado ao período da quaresma e restrições de importação devido à gripe aviária, que aumentaram a oferta interna.
Apesar da queda em maio, o ovo de galinha acumula alta de 24,8% no ano, figurando entre as maiores altas do período devido ao aumento dos custos de produção, incluindo energia elétrica e transporte. Entre os alimentos com maiores altas estão maracujá (17%), morango (13,8%), batata-inglesa (10,3%), cebola (10,3%), café moído (4,6%) e carnes (0,97%).
O café lidera as altas anuais com 82% de aumento nos últimos 12 meses. “O café está em alta porque tivemos grandes reduções de safra aqui no Brasil e no principal produtor que é o Vietnã, por conta de problemas climáticos, fazendo com que a oferta global do produto caísse”, explica Inhasz. A pesquisadora prevê que os preços da commodity devem continuar elevados, já que mesmo com sinais de recuperação da safra, o café é negociado no mercado futuro com contratos firmados a preços elevados.