A Justiça dos Estados Unidos emitiu nesta segunda-feira uma ordem impedindo que a Raízen suspenda o fornecimento de combustível à Azul (AZUL4), após pedido feito pela companhia aérea no domingo. A decisão ocorre no contexto do processo de recuperação judicial da Azul em curso nos EUA.
Segundo documentos apresentados ao tribunal, a distribuidora de combustíveis havia enviado uma correspondência à Azul no último dia 18 de junho, comunicando que recebeu do agente fiduciário da 12ª emissão de debêntures da empresa, a Vórtx, a informação de inadimplência no pagamento de amortização e remuneração desde o dia 12 daquele mês. A Raízen solicitou então uma manifestação urgente da companhia aérea, alertando que, se o débito não fosse resolvido, poderia acionar o mecanismo de “Stop Supply” em até três dias úteis, o que levaria à suspensão do abastecimento.
Em sua petição, a Azul argumentou que a atitude da Vórtx era “ilegal” e violava os termos de sua recuperação judicial, além de colocar em risco sua capacidade de reorganização. A empresa destacou ainda que a Raízen, uma joint venture entre a Shell e o grupo Cosan, é responsável por cerca de 68% do abastecimento de suas aeronaves no mercado doméstico e que sua estrutura está presente em dezenas de aeroportos onde não há alternativas viáveis. Assim, mesmo uma breve interrupção no fornecimento geraria uma cadeia de cancelamentos de voos, aeronaves em solo e prejuízo irreparável à reputação da companhia.
A Justiça norte-americana concordou com os argumentos e determinou que a Raízen não pode interromper o fornecimento sem antes submeter um pedido formal ao tribunal. Procurada, a Raízen declarou que não irá se manifestar, e a Vórtx afirmou que se comunica apenas por meio de comunicados oficiais ao mercado.
No mercado financeiro, as ações da Azul encerraram o pregão desta segunda-feira em queda de 4,08%, cotadas a R$ 0,94, enquanto o Ibovespa registrou recuo de 0,41%.