O vice-chairman e chefe global de políticas públicas do Nubank, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (9) que os gastos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são “sustentáveis”, mas alertou para os riscos do aumento da carga tributária. As declarações foram feitas em Washington, durante evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) no Instituto Milken.
Segundo o ex-presidente do Banco Central, o Brasil enfrenta desafios fiscais semelhantes aos de outros países após a pandemia, mas entrou em um “ciclo vicioso” em razão da expansão dos programas de transferência de renda. Ele citou dados do Cadastro Único, que registram 94 milhões de brasileiros beneficiados. “O problema é, claramente, que não temos como pagar por isso”, disse.
Campos Neto destacou que algumas transferências sociais são positivas, mas criticou a estratégia de aumentar impostos para financiar a política social. “A quantidade de dinheiro que o governo está gastando é sustentável. O problema é que, como não é possível taxar mais o cidadão, quem paga a conta é o capital, em especial o setor financeiro, o que acaba impactando a produtividade”, afirmou.
O ex-banqueiro central também ressaltou que mudanças tributárias frequentes prejudicam a confiança de investidores. Para ele, a solução passa por reverter o “ciclo vicioso” em um “ciclo virtuoso”, condição necessária para atrair investimentos de longo prazo. Como exemplo, lembrou que muitas empresas brasileiras optam por abrir capital nos Estados Unidos em vez do mercado doméstico. “Levantar capital no Brasil ainda é muito difícil. Precisamos remover essas barreiras”, defendeu.
Durante sua fala, Campos Neto elogiou a postura fiscal do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que classificou como “mais responsável” e voltada à redução de ineficiências locais. No cenário nacional, entretanto, criticou a criação constante de novos tributos e a insegurança no sistema tributário.









