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Por Letícia Bogéa – Analista de Economia do Boletim Nacional
Na última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, na quarta-feira (11), elevar a taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano, em uma tentativa de conter a escalada da inflação. A medida reflete a preocupação com a manutenção do equilíbrio macroeconômico em meio a pressões de preços que permanecem acima do esperado pelo Banco Central. A decisão representa a maior alta dos juros básicos no governo Lula.
A alta da Selic traz impactos significativos para a economia brasileira e muda o cenário de investimentos. Enquanto a renda fixa se consolida como uma alternativa atrativa em meio ao aumento dos juros, a renda variável enfrenta desafios diante do custo elevado de capital e da maior aversão ao risco.
Como a alta da Selic influencia suas decisões financeiras?
A alta da Selic pode influenciar suas decisões financeiras ao tornar os investimentos em renda fixa, como títulos públicos e CDBs, mais atraentes devido aos rendimentos crescentes atrelados à taxa de juros. Isso significa que, para investidores conservadores, priorizar aplicações de baixo risco pode ser uma estratégia eficaz para garantir retornos consistentes. Por outro lado, a renda variável, como ações e Fundos Imobiliários, pode apresentar maior volatilidade. Mas, ainda assim, em queda é um bom momento de comprar novas cotas.
O fato da alta dos juros fazer com que a renda fixa performe melhor, isso não quer dizer que você vai “tirar o olhar” da renda variável, pois, apesar das dificuldades, a renda variável continua relevante no longo prazo, especialmente para quem busca proteger o patrimônio contra os efeitos da inflação.
Por isso sempre reforço: investidores precisam diversificar suas carteiras. A alocação equilibrada, baseada em objetivos de longo prazo, permanece essencial para enfrentar o atual cenário de incertezas econômicas.
Copom prevê novos aumentos de juros
O Copom informou que, diante de um cenário mais desafiador, prevê novos aumentos de 1 ponto percentual na taxa básica de juros nas próximas duas reuniões, previstas para janeiro e março do próximo ano, caso o cenário projetado se concretize. Nesse cenário, a Selic poderá chegar em 14,25% ao ano.
Alta da Selic x descontrole fiscal
O ajuste da Selic ocorre em um cenário de descontrole fiscal, agravado pelo aumento de gastos públicos previstos no pacote econômico do governo. As incertezas quanto à capacidade de ajuste das contas públicas geram desconfiança nos mercados, pressionando a curva de juros e tornando o ambiente econômico menos previsível para investidores.
O pacote de corte de gastos proposto pelo Executivo, que pode gerar economia de R$ 70 bilhões em dois anos, inclui medidas que restringem reajustes do salário mínimo, limitam despesas públicas e endurecem critérios para benefícios sociais.
A aprovação do pacote de corte de gastos poderá trazer maior segurança para o mercado. A medida pode reduzir a desconfiança dos investidores e até influenciar positivamente a curva de juros futuros. Agora é aguardar como o mercado se posicionará após a aprovação.