10 empresas para ficar de olho em 2024
De startups em condições de um IPO a grandes nomes que buscam a transformação dos seus negócios, conheça companhias que podem se destacar no ano que começa

O mundo corporativo brasileiro inicia 2024 à espera de uma retomada mais vigorosa dos negócios, amparada por novos cortes dos juros que podem tanto aliviar despesas financeiras como estimular a produção e o consumo. A potencial continuidade da agenda de reformas pode servir como combustível para a melhora das expectativas, especialmente se houver avanços concretos.

No cenário externo, os Estados Unidos podem iniciar um ciclo de redução da taxa de juros ainda no primeiro semestre, o que tende a favorecer ativos de países emergentes devido à força da maior economia do mundo e à realocação de portfólio de grandes investidores.

Nas últimas semanas, a Bloomberg Línea conversou com fontes diversas como executivos, gestores e empresários e examinou os mais recentes relatórios de analistas de bancos e corretoras com recomendações de ações, além de estudos de consultorias, para elaborar uma lista com 10 companhias que merecem ser acompanhadas com mais atenção em 2024.

A lista abaixo não é um ranking com critérios objetivos como projeções de receitas, Ebitda ou outros indicadores financeiros, mas, sim, uma seleção de empresas com potencial de destaque em suas respectivas áreas de atuação nos próximos trimestres. Confira a seguir:

1. Vale Metais Básicos

A divisão da Vale (VALE3) para metais essenciais para transição energética, como níquel e cobre, ainda não é uma empresa segregada da mineradora, mas o status é equivalente. Grande aposta para destravar valor, essa unidade deve ajudar a acelerar o crescimento da mineradora e se mostrar cada vez mais relevante para o resultado, a ponto de o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, a tratar como a “joia da coroa”. Em julho, a companhia vendeu 13% da VBM (Vale Base Metals), com sede em Toronto, no Canadá, para a Manara Minerals (10%), da Arábia Saudita, e a amerivana Engine No. 1 (3%) por US$ 3,4 bilhões. Na ocasião, estimou investimento de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões em projetos estratégicos ao longo da próxima década, o que dá a dimensão do potencial que enxerga.

2. Sabesp

O futuro do controle de uma das maiores empresas de saneamento e distribuição de água do mundo pode ser definido em 2024 com o avanço do processo de privatização da estatal, uma operação há muitos anos aguardada no mercado e uma promessa de campanha do governador Tarcísio de Freitas. Para a Genial Investimentos, a privatização da Sabesp (SBSP3) tem “potencial transformador em termos de ganho de governança e de eficiência”. Além disso, os analistas destacam o plano de investimentos da companhia para 2024-2028. Segundo a XP, 2024 deve trazer novidades de outros governos estaduais quanto às suas empresas de saneamento devido às metas do marco regulatório do setor.

3. Raízen

A gigante de energias renováveis, fruto de joint venture entre a Cosan (CSAN3), do bilionário Rubens Ometto, e a Shell, deve apresentar uma melhora na dinâmica de resultados nos próximos trimestres com o mix de diversificação da base de clientes, aumento no volume da moagem de cana-de-açúcar, normalização das margens de distribuição de combustíveis e preços mais altos do açúcar. O avanço do desenvolvimento do negócio do etanol de segunda geração pode acelerar o processo para destravar valor para companhia (RAIZ4), segundo relatório do BofA (Bank of America) e de outros bancos, diante do valor agregado para a demanda de produtos como o SAF, o combustível sustentável de aviação.

4. Eurofarma

Uma das maiores empresas farmacêuticas do Brasil e líder em medicamentos controlados, a Eurofarma é apontada por especialistas em mercados de capitais como uma candidata natural a um IPO (oferta inicial de ações), dado que a empresa tem sólida geração de caixa, números operacionais robustos e atua em setor com projeções de crescimento nas próximas décadas. Com uma receita líquida anual perto da marca de R$ 10 bilhões, o grupo fundado pela família Billi em 1972 cresce de forma constante (23% entre 2017 e 2021, segundo o BTG Pactual, contratado para vender fatia da empresa, segundo a Bloomberg News) e concluiu uma série de aquisições de laboratórios e marcas, ampliando a presença na América Latina. Tem ampliado os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos.

5. C&A

Em um ano difícil para as varejistas de moda, com companhias em recuperação judicial ou em reestruturação de dívida e da operação e muitas com fechamento de lojas, a C&A (CEAB3) conseguiu acelerar o crescimento e melhorar os indicadores operacionais. Os resultados são fruto de uma estratégia de médio e longo prazo que tornar a operação mais eficiente com uso de tecnologia e inteligência artificial e, assim, reduzir a dependência do ciclo econômico condicionado a taxas de juros. Um dos principais pontos destaques da rede é a estratégia de distribuição conhecida como push and pull, na qual a reposição das lojas é feita com base na demanda de cada uma delas. Analistas esperam que o modelo impulsione os ganhos de eficiência e produtividade, favorecendo a alavancagem operacional.

6. Bradesco

A nomeação de Marcelo Noronha como CEO em novembro, quebrando uma tradição de longos mandatos no Bradesco (BBDC4), sinaliza um raro senso de urgência no comando do segundo maior banco privado do varejo brasileiro, apontaram especialistas do setor. O executivo deve apresentar a nova estratégia da instituição em 8 de fevereiro, data da divulgação do balanço de 2023. Nas últimas semanas, executivos em cargos-chave deixaram a casa, em outro sinal de que mudanças estão por vir. Analistas esperam um plano que inclua investimento em tecnologia, novos processos decisórios, priorização do segmento de alta renda e redução da rede de agências. A implementação das medidas para recuperar o patamar histórico de rentabilidade pode levar mais de dois anos, prevêem analistas da Genial Investimentos.

7. Rappi

A Rappi desconversa sobre os planos, mas é presença recorrente em listas de empresas que estão no pipeline para um potencial IPO em 2024, se as condições de mercado assim permitirem. É o caso da lista da CB Insights. A startup colombiana de entrega, que comprou a BoxDelivery no Brasil e mudou seu CEO para o país em 2023, alcançou o breakeven (equilíbrio entre receitas e despesas) e descartou planos para novas captações privadas. O início da vigência de novas regras no mercado de delivery de restaurantes, que limitaram acordos de exclusividade que favoreciam a líder do segmento, o iFood, também deve favorecer o crescimento e a estratégia de serviços cruzados do segundo maior player do país.

8. Pátria Investimentos

A maior gestora de ativos alternativos da América Latina deve continuar a movimentar o portfólio a exemplo que fez no ano que acaba. Um exemplo foi a aquisição da carteira de fundos imobiliários do Credit Suisse por R$ 650 milhões, anunciada em dezembro. O negócio reforça o peso do Pátria (PAX) no mercado brasileiro de mais de R$ 161 bilhões, que cresce a taxa de 27% ao ano desde 2018. Após obter aval do Cade (órgão antritruste), o Pátria estima adicionar mais de R$ 12 bilhões em ativos sob gestão incorporando os FIIs do Credit Suisse. O Goldman Sachs vê potencial de o Pátria elevar em 5% osganhos com comissões, capturar sinergias e solidificar presença no segmento de FIIS no país. A agenda de concessões na área de infraestrutura também deve contar com a gestora como uma das protagonistas.

9. Oncoclínicas

O setor de saúde deve ser um dos destaques da economia em 2024 com a tendência de consolidação de players e de aumento da demanda de serviços por parte da população e de empresas. Uma das principais escolhas de analistas de bancos é a Oncoclinícas (ONCO3), que tem consolidado o ecossistema voltado para o tratamento de câncer. A XP projeta um cenário de continuidade na melhoria dos resultados da empresa. Analistas do Goldman Sachs apontaram que, em 2024, o maior grupo voltado ao tratamento do câncer na América Latina “entrará em modo de colheita”: esperam que isso renda frutos dos recentes investimentos em “parcerias, em sua operação física e no desenvolvimento de sua excelente rede de médicos, mas com necessidades muito menores de expansão de capex”.

10. Magazine Luiza

A gigante do e-commerce brasileiro busca recuperar o momentum de crescimento acelerado do início da pandemia com uma nova aposta de diversificação dos negócios, com a recém-anunciada operação em nuvem. A rede de armazenamento de dados deve gerar economia de custos para a própria rede varejista, segundo analistas do Itaú BBA, que apontaram que a iniciativa representa um potencial impulsionador para melhorar a lucratividade. O Magazine Luiza (MGLU3) gastou mais de R$ 1 bilhão em uma década de uso de serviços de nuvem. A companhia planeja começar a oferecer a solução ao mercado em 2024, com foco inicial em micro e pequenas empresas. O grupo varejista também deve ser favorecido com a continuidade do ciclo de corte de juros, segundo o Itaú BBA.

(Bloomber Linea)

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