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A Casa do Pão de Queijo, uma das maiores redes de cafeterias do Brasil, entrou com um pedido de recuperação judicial. A ação foi protocolada na sexta-feira (28) na Vara de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª RAJ, em Campinas (SP), abrangendo a CPQ Brasil S/A e 28 filiais, todas situadas em aeroportos.
A companhia declarou, na ação, um passivo de R$ 57,5 milhões a ser renegociado. Desse montante, R$ 244,3 mil são devidos a trabalhadores, R$ 55,8 milhões a credores quirografários - aqueles sem garantias - e R$ 1,3 milhão a credores classificados como microempresas e empresas de pequeno porte.
Expansão e Crise
No processo, a Casa do Pão de Queijo relata que "experimentava um crescimento sólido" no início dos anos 2000. Operava com sucesso em diversos aeroportos administrados pela Infraero e foi convidada a expandir suas operações para novos aeroportos privatizados, incluindo Guarulhos, Brasília, Galeão e Campinas.
Essa expansão foi impulsionada pelo crescimento econômico do país e por grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Em virtude do sucesso inicial, a rede decidiu continuar sua expansão em 2018 e 2019, inaugurando mais lojas nos aeroportos privatizados de Fortaleza, Porto Alegre, Goiânia, Salvador e Vitória.
No entanto, a pandemia de COVID-19 afetou gravemente as operações da Casa do Pão de Queijo. Nos primeiros três meses da pandemia, a empresa registrou uma queda de 97% no faturamento, encerrando o ano de 2020 com uma redução total de 50%. "As lojas recém-inauguradas em Fortaleza e Porto Alegre ainda estavam em fase de consolidação, e a empresa tinha financiamentos significativos a serem pagos", afirmou a companhia na ação.
Adicionalmente, as concessionárias dos aeroportos mantiveram altos valores de aluguel, mesmo com o movimento de passageiros drasticamente reduzido, tornando a operação das lojas financeiramente insustentável. Muitos franqueados, também impactados pela pandemia, desistiram do negócio, resultando em uma diminuição nas vendas de produtos. A fábrica teve que interromper a produção várias vezes devido às restrições de circulação, o que também levou à perda de produtividade.
Além disso, a empresa enfrentou problemas com um projeto desenvolvido em parceria com uma multinacional mexicana do setor de alimentos, o que também contribuiu para a crise. Por fim, mencionou a inundação do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, causada por fortes chuvas em maio, onde "quatro lojas rentáveis e geradoras de fluxo de caixa significativo" foram afetadas.