A inteligência, em especial a das crianças tem sido reduzida

A 4ª edição do Tomorrow Summit, encontro internacional de tecnologia e inovação, organizado pela Federação Académica do Porto (FAP), debateu sobre temas relevantes para a construção de um futuro melhor. No evento, estiveram presentes Luís Marques Mendes, comentador político; Nuno Castro, ex-ministro da educação e Ana Gabriela Cabilhas, presidente da FAP. Em uma das palestras, o neurocientista, PhD e biólogo Dr. Fabiano de Abreu, abriu uma discussão sobre prejuízos cognitivos causados pelo mau uso da internet.

De acordo com ele, a inteligência, em especial a das crianças, que em poucos anos de vida, passam a usar tablets, smartphones e notebooks, tem sido reduzida. “Se não agirmos desde já, será passado geneticamente para a próxima geração e assim por diante”.

O Dr. Fabiano de Abreu explica ainda, que a internet proporciona um ambiente no qual o sistema de recompensa do cérebro é ativado constantemente. 

“Os mecanismos das redes sociais, estão intimamente relacionados à exploração da sensação de bem-estar causada pela liberação de dopamina”, detalha. "A dopamina é um neurotransmissor, liberado quando uma atividade agradável é realizada ou na expectativa desta atividade e conclusão dela, quando há consumo de alimentos que se gosta ou ainda, quando há o uso das redes sociais, por exemplo". 

Esse sistema de recompensa, por sua vez, ativa a ansiedade. Segundo ele, a dopamina não é liberada só quando você tem a recompensa, mas também quando você imagina que a terá. 

"Se você está ansioso por circunstâncias diversas, você mergulha em uma atmosfera negativa. Então, achar que você vai conquistar algo, já faz liberar dopamina”, explica. 

O problema é que a intensidade do alívio gerado pela dopamina é cada vez menor quanto há situações semelhantes, logo, não alcançar o nível de intensidade esperado causa ainda mais ansiedade, gerando um ciclo vicioso.

Esse looping é prejudicial, pois propicia a liberação do hormônio cortisol, que está relacionado ao sistema imunológico. 

“Além disso, esse ciclo de ansiedade acaba afetando o sistema emocional e a região responsável pela tomada de decisões no cérebro. Existe uma cultura de não absorção de conhecimento útil por conta das redes sociais e isso causa uma "atrofia" no córtex cerebral, pela não plasticidade eficiente. Desse modo, a capacidade de dominação de emoções é reduzida e transtornos ou doenças como a depressão podem surgir”, afirma o neurocientista.

Para combater este cenário, Fabiano de Abreu acredita que a neuroplasticidade cerebral é essencial. “Ela vai desde a alimentação, o exercício físico e sono regular, até processos de ginásticas cerebrais para estimular a região responsável pela tomada de decisões e domínio das emoções a se desenvolver melhor”.

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