Views
O economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, comenta sobre o último relatório do payroll dos Estados Unidos, divulgado nesta sexta-feira (5).
A taxa de desemprego nos EUA em maio voltou a subir marginalmente atingindo 4,1% (estava 4,0% em maio e 3,9% em abril). É a primeira vez que a taxa chega a esse patamar desde novembro de 2021. Em maio de 2023 a taxa estava em 3,6%. Mais uma vez o número veio ligeiramente acima do consenso de mercado, que esperava manutenção.
Por outro lado, assim como no mês passado, os dados de contratações (payroll) superaram as expectativas ao registrar a criação de 206 mil novas vagas (o consenso estava em 189,5 mil vagas), ante 218 mil em maio — número que foi revisado para baixo após divulgação inicial de 272 mil, uma das maiores revisões da agência desde janeiro. Os dados de abril também sofreram revisão de 57 mil, ante estimativa de 165 mil anteriormente.
O relatório do payroll destaca que os empregos continuam a crescer em diversos setores, puxados principalmente por serviços de saúde, setor público, assistência social e construção. Em média, os salários do setor privado subiram 0,3% no mês, o menor ritmo desde junho de 2021, contabilizando alta de 3,9%.
Segundo Danilo Igliori, "o relatório de emprego de maio trouxe boas notícias para o mercado de ações, embora as incertezas com relação ao combate à inflação continuem. De um lado, os dados seguem robustos, oferecendo alívio para os temores de que uma deterioração mais importante da atividade econômica estaria em curso. De outro, marca uma desaceleração em relação ao dado revisado de maio, alimentando expectativas para um movimento de corte de juros pelo Federal Reserve ainda em 2024. No balanço, os mercados reagiram positivamente após a divulgação, com os futuros dos principais índices de ações no azul e juros dos treasuries em queda no retorno do feriado de 4 de julho, dia da Independência nos EUA.”
Já André Valério, economista sênior do Inter, em sua análise, destaca que o Payroll de junho dá novos indícios de desaceleração do mercado de trabalho, o que, na sua visão, será a variável determinante para o início do ciclo de cortes nos juros americanos, uma vez que o FOMC, na figura do Powell, tem se mostrada mais sensível à dados negativos de atividade do que de inflação.
"Mantida essa tendência, esperamos que o Fed dê início ao ciclo de cortes na reunião de setembro, condicionada à não reaceleração da inflação, o que não é o cenário base", destacou André Valério.
Além disso, "com o resultado de junho e as revisões dos resultados prévios, a média móvel de 3 meses de adição de novos empregos ficou abaixo dos 200 mil empregos pela primeira vez em mais de 2 anos, indicando que a tendência é de desaceleração do mercado de trabalho americano, como sugere, também, os outros dados de emprego, principalmente os pedidos de seguro-desemprego. Além disso, os salários aumentaram 0,3%, em linha com o esperado, mantendo tendência de desaceleração na variação anualizada, que saiu de 4,1% para 3,9% em junho. A variação de 3 meses anualizada também sugere tendência de desaceleração na alta dos salários."