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Os gestores estão mais otimistas com o desempenho do Ibovespa e com a força do real em 2024, segundo pesquisa mensal do Bank of America com alocadores de recursos da América Latina divulgada a investidores na terça-feira (16).
Em um cenário de continuidade da flexibilização monetária, o percentual de investidores que vê o principal índice de renda variável da bolsa brasileira negociado acima dos 140 mil pontos ao fim de 2024 subiu de 48%, em dezembro, para 63% este mês. O patamar implicaria uma valorização (upside) de 8,3% em relação ao fechamento de terça-feira (16).
A bolsa brasileira viu um forte rali no fim de 2023, impulsionada pela queda da Selic e perspectivas de início de queda dos juros americanos. O índice chegou a superar os 134 mil pontos em 27 de dezembro, renovando sua máxima histórica.
Neste começo de ano, contudo, dúvidas sobre o início e a magnitude do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos e na Europa, bem como falas mais “hawkish” de autoridades monetárias, têm elevado o sentimento de aversão ao risco.
Para os juros, cerca de metade dos participantes da pesquisa vê a taxa básica brasileira entre 8,75% e 9,00% ao ano no fim do ciclo de flexibilização monetária. O cenário implicaria corte de 2,75 ponto percentual, do atual patamar da Selic de 11,75% a.a.
O relatório Focus, que consolida apostas de economistas consultados pelo Banco Central, estima a Selic em 9,00% em dezembro deste ano e em 8,50% ao fim de 2025.
Na avaliação de 47% dos gestores consultados pelo BofA, os investidores pessoas físicas deverão voltar a investir em ações quando a Selic atingir os 10%, enquanto 33% veem o movimento de rotação da renda fixa para a bolsa apenas quando os juros caírem a 9% ao ano.
A pesquisa deste mês mostrou ainda que os investidores esperam um real mais fortalecido ao longo do ano. A maioria dos entrevistados projeta câmbio entre R$ 4,50 e R$ 4,80 em dezembro. No mês passado, as maiores apostas estavam concentradas no intervalo de R$ 4,81 e R$ 5,10.
América Latina
Segundo o levantamento do BofA, 67% dos gestores planejam ampliar a alocação em ações nos próximos seis meses, acima dos 51% no mês anterior.
As maiores posições overweight (acima da média do mercado, equivalente a compra) estão no setor financeiro, no de utilities e em papéis de consumo discricionário.
Dentre os principais riscos externos para os ativos da América Latina, a maior parte dos entrevistados destaca taxas de juros elevadas nos Estados Unidos e eventos geopolíticos.
O BofA destaca ainda que o percentual alocado em caixa (alta liquidez) caiu para 5,7% em janeiro, o menor desde fevereiro de 2022.
A pesquisa “Latam Fund Manager Survey” de janeiro do BofA entrevistou 30 gestores com cerca de US$ 83,8 bilhões em ativos sob gestão.