No Brasil, uma tiktoker com quase 94 mil seguidores compartilhou ao seus seguidores que recebeu US$ 52 em uma live

Nos últimos dias, bastam algumas deslizadas na tela do TikTok para, sem demorar, chegar a alguma transmissão ao vivo de NPC. Esta é uma das trends (tendências) mais recentes na plataforma de vídeos curtos, entre as dezenas que surgem mensalmente, e que extrapolou a rede social, gerando curiosidade sobre qual, afinal, é a proposta deste tipo de conteúdo.

A sigla NPC vem do mundo dos games e significa “Non Playable Character” (“personagem não jogável”, em tradução livre). Isso é, são aqueles personagens de jogos que aparecem durante a história, mas que não são controláveis. Eles podem simplesmente ficar parados ou andando, apenas compondo o cenário do game, ou serem mais ativos na narrativa - por exemplo, passando uma missão, dando dicas ou vendendo suprimentos.

Uma característica desses personagens, na grande maioria dos jogos, é a repetição de frases ou gestos várias vezes, especialmente se o jogador não aciona nenhum tipo de comando para o personagem controlado em relação ao NPC.

Nas lives do TikTok, portanto, os criadores de conteúdo imitam esses movimentos repetidos e dizem frases prontas diversas vezes. É como uma extensão de um cosplay – em que os fãs se vestem como seus personagens favoritos –, mas no caso da transmissão ao vivo, especialmente após essa recente popularização, o foco não é tanto a caracterização (com peruca, roupa ou maquiagem, por exemplo), mas sim a reprodução deste estereótipo dos jogos.

O público interage de forma fervorosa e o criador de conteúdo, por sua vez, responde às interações fazendo menção ao nome dos usuários – sempre dentro do comportamento de um NPC.

Mas por que há tantas lives de NPC?

As transmissões, recentemente, tornaram-se mais virais porque transbordaram o TikTok e alcançaram outras redes, como o X (o antigo Twitter). Lá, porém, o assunto foi encarado com deboche. “Alerta gatilho vergonha alheia”, escreveu uma pessoa ao publicar trechos de uma transmissão. “Já passei do nível de dar risada, agora tô achando bizarro”, disse outra.

Se para alguns é piada, para outros é dinheiro. Isso porque, durante as transmissões, os usuários podem ganhar “presentes virtuais” disponibilizados pela plataforma, que posteriormente são convertidos em pagamento. Quem está assistindo pode comprar moedas no TikTok e trocar por figurinhas. Cada figurinha tem um valor determinado e, ao enviá-la para quem está fazendo a live, essa pessoa receberá dinheiro. Algumas figurinhas chegam a custar US$ 500.

Por muitos criadores de conteúdo, essas figurinhas são utilizadas como uma moeda de troca. Se você envia o presente, o NPC poderá falar seu nome ou a frase que você pedir, o que pode render muito dinheiro para criadores com mais visualização. Ao The New York Times, a PinkyDoll, uma das criadoras pioneiras neste nicho, relatou que já ganhou entre US$ 2 mil e US$ 3 mil por transmissão.

No Brasil, uma tiktoker com quase 94 mil seguidores compartilhou ao seus seguidores que recebeu US$ 52 em uma live. “Equivale a R$ 256, isso porque eu fiz 2h40min de live. Eu poderia ter ficado muito mais e arrecadado muito mais [...] Literalmente os humilhados estão sendo exaltados. A humilhação está valendo a pena, gente. Pensa se eu faço essas duas horas todos os dias, quanto eu não posso tirar no final do mês. Nenhum CLT do mundo vai te pagar R$ 250 a hora.”

Alguns usuários apontam que este tipo de conteúdo rende tanta visualização por ser fetichista, já que alguns espectadores se prendem ao interesse de poder controlar os gestos e as palavras, especialmente de mulheres, enviando um presente. Outras pessoas, porém, alegam somente que é divertido. “No final das contas, estou ganhando”, disse a PinkyDoll ao The New York Times.

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