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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira, 2 de junho, que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não deve ser utilizado como instrumento arrecadatório nem como mecanismo de apoio à política monetária. Em sua avaliação, o IOF tem natureza regulatória e deve ser tratado como tal.
A declaração foi feita durante debate promovido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), em São Paulo. Galípolo comentou que ainda há muitas discussões sobre o formato final do decreto que prevê aumento do imposto em operações de crédito, câmbio e previdência privada. Segundo ele, o Banco Central avaliará com cautela a forma como eventuais mudanças impactarão as projeções econômicas da instituição.
“Está em discussão ainda qual modelo final que vai sair do IOF, ainda está tendo muita discussão do que pode ser calibrado e alterado. E entendo que a velocidade de reação nossa e de que é cobrada de vários de vocês é muito diferente”, afirmou.
Ele destacou que o Banco Central adotará uma postura prudente, preferindo esperar uma definição mais clara para entender os efeitos sobre a política monetária. “A gente tende a consumir com mais parcimônia, que é aguardar para ver como vai ser o desenho final que vai sair disso para entender de que maneira e quanto deve ser incorporado nas nossas projeções”, disse Galípolo.
O presidente do BC também revelou que não foi consultado pelo Ministério da Fazenda antes do anúncio do decreto que aumentou o IOF. A autoridade monetária, segundo ele, é contrária à medida, que tem como meta gerar R$ 20 bilhões em arrecadação ainda neste ano e R$ 41 bilhões em 2025.
A medida sofreu repercussão negativa no mercado financeiro, o que levou o Ministério da Fazenda a recuar em uma parte do decreto. O governo desistiu de aplicar a cobrança de IOF sobre os recursos de fundos de investimento brasileiros aplicados no exterior. O anúncio foi feito pela pasta por meio da rede social X, no mesmo dia em que foi divulgada uma surpresa positiva: a contenção de R$ 31 bilhões em despesas do Orçamento deste ano, valor acima do previsto.