A Gol tinha R$ 20 bilhões em dívidas no fim de setembro setembro, dos quais R$ 9,3 bilhões em títulos de dívida e R$ 9,8 bilhões com os arrendadores das aeronaves

A Recuperação Judicial solicitada pela GOL e comunicada ao mercado nessa quinta-feira (25), segue o mesmo modelo do que foi feito pela LATAM em maio de 2020.  A companhia ficou no processo por dois anos, tendo saído em novembro de 2022. 

Assim como ocorreu com a LATAM, a GOL não vai reduzir operações depois do pedido de recuperação judicial nos EUA. “O Chapter 11 não vai trazer impactos para passageiros e agentes de viagem”, assegurou o CEO da companhia, Celso Ferrer.

O CEO da Gol afirmou ainda que não haverá diminuição de frotas e rotas. Também não estão previstas demissões de funcionários. “A malha aérea não será afetada, justamente pelo pedido de recuperação judicial”, acrescentou Ferrer, que falou em renovar a frota. O executivo complementou dizendo que a meta agora da Gol é diminuir a alavancagem,

“Os clientes da Gol poderão continuar a organizar viagens e a voar pela companhia como sempre fizeram, com a utilização de passagens e vouchers. Os clientes da Gol seguirão acumulando milhas ao voar pela companhia e poderão comprar e resgatar milhas acumuladas por meio do Smiles”, garantiu a empresa em nota.

Gol quer recuperação ‘substancialmente’ mais rápida que as de Latam e Avianca

Ainda pendente da aprovação da Justiça americana, o movimento vem acompanhado da costura para conseguir fôlego na negociação de suas dívidas: um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões, na modalidade debtor in posession (DIP) pelos bondholders da Abra (controladora da Gol e da Avianca).

Sujeito à aprovação judicial, o financiamento DIP deve fortalecer e pavimentar o processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. “Os detentores da dívida da Abra já possuíam conhecimento aprofundado da Gol”, afirmou o CEO da Gol, Celso Ferrer.

O executivo acredita que o processo da Gol seja “substancialmente” mais rápido do que aqueles pelos quais passaram a Latam e a Avianca colombiana, que ficaram cerca de dois anos em reorganização de seus passivo. O diferencial, diz Ferrer, seria a "estrutura descomplicada" da Gol, como o uso de uma frota de apenas um fabricante, a Boeing. 

A Gol tinha R$ 20 bilhões em dívidas no fim de setembro setembro, dos quais R$ 9,3 bilhões em títulos de dívida e R$ 9,8 bilhões com os arrendadores das aeronaves. No curto prazo (em até 12 meses), R$ 1,8 bilhão dos vencimentos dizem respeito a arrendadores e outros R$ 1,1 bilhão são em dívida financeira. 

O executivo não abriu o valor atual da dívida a ser ajuizado, mas destacou a importância do processo para a negociação com os 25 lessores — jargão do setor para os arrendadores. De acordo com ele, as negociações iniciadas em junho e em outubro avançaram em ritmos diferentes com os lessores, com alguns "demonstrando mais apoio". 

A decisão pelo processo nos Estados Unidos e não no Brasil, segundo Ferrer, tem a ver com os próprios arrendadores de aeronaves, já que muitos são originalmente de lá. A razão também passa pelo fato de que o Chapter 11 permite algumas proteções maiores para o devedor, entre elas as rejeições de leasing que a companhia não queira mais. Além disso, nos Estados Unidos garante que os lessores não vão retirar os aviões, como aconteceu no Brasil com a Varig e a Avianca brasileira. 

O executivo diz que ainda é cedo para definir se vão reduzir o pedido de aeronaves e que “torce” pela retomada da Boeing, fabricante de toda a sua frota e que passa por um escrutínio de companhias aéreas e autoridades após problemas com suas aeronaves em voos nos Estados Unidos. No mesmo dia em que anunciou o pedido de Chapter 11, a empresa recebeu sua 405a aeronave MAX. Os contratos da companhia, porém, já prevêm a possibilidade de redução de pedidos.

“Esperamos sair desse processo com a estrutura correta para se posicionar para o crescimento no futuro”, afirmou. A operação já vem em ritmo de recuperação de geração de caixa, conforme a demanda do setor se aquece. A empresa divulgou que, em dezembro de 2023, a taxa de ocupação atingiu 82,7%, aumento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Não há, diz Ferrer, previsão de corte de rotas e destinos, nem de quadro de funcionários.


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