Suzano e Mitsui se juntam para avançar na bioeconomia
O acordo implica que a Suzano contribuirá com seus ativos biológicos, que incluem mais de 1,6 milhão de hectares de plantações de eucalipto

A Suzano, líder mundial na produção de celulose de eucalipto, está intensificando seus esforços para expandir sua presença no mercado de biotecnologia e bioprodutos. Isso ocorre em resposta à crescente demanda global por iniciativas de descarbonização e sustentabilidade, buscando diversificar suas linhas de negócios.

Hoje, 15 de janeiro, a empresa firmou uma colaboração estratégica com o conglomerado japonês Mitsui, visando à cooperação em pesquisa e desenvolvimento de bioprodutos. O foco principal será a utilização de biomassa proveniente do processo de produção de celulose, originada de fontes florestais.

Christian Orglmeister, diretor executivo de novos negócios, estratégia, TI e digital da Suzano, destaca que uma das metas estratégicas da empresa é desenvolver mercados para sua biomassa, consolidando sua posição na descarbonização e na criação de aplicações sustentáveis em diversos setores.

O acordo implica que a Suzano contribuirá com seus ativos biológicos, que incluem mais de 1,6 milhão de hectares de plantações de eucalipto, sua expertise em projetos em larga escala e suas pesquisas na área. A Mitsui, por sua vez, trará seu conhecimento nas áreas de química, energia e materiais, bem como suas conexões de mercado.

Dentre as áreas prioritárias de pesquisa, a Suzano e a Mitsui explorarão o desenvolvimento de biocombustíveis, como o bioetanol obtido por fermentação controlada e destilação de resíduos vegetais da produção da Suzano. Outro foco será em biomateriais, como a lignina, que representa de 25% a 30% da composição dos eucaliptos.

A lignina já apresentou resultados promissores, sendo utilizada no Ecolig, uma alternativa renovável desenvolvida pela Suzano em 2017. O produto tem diversas aplicações, desde correias transportadoras até solados de borracha, e já está no mercado.

A parceria, inicialmente programada para três anos, visa a acelerar a oportunidade de introduzir produtos renováveis em diversas categorias. Os estudos devem gerar resultados nos primeiros 12 a 18 meses, e, à medida que a viabilidade e o interesse do mercado se confirmarem, a segunda fase envolverá joint ventures específicas para cada solução desenvolvida.

A Mitsui, com valor de mercado de US$ 61,2 bilhões, é um dos maiores conglomerados do Japão, enquanto a Suzano, avaliada em R$ 69,2 bilhões, possui capacidade instalada para produzir quase 11 milhões de toneladas de celulose.

Embora a construção das fábricas necessárias para as joint ventures seja uma etapa futura, a expectativa é de que grande parte dessas instalações seja no Brasil, próxima aos ativos florestais da Suzano. A empresa já está comprometida com a bioeconomia, estimando um mercado global de US$ 90 bilhões para produtos têxteis e biocombustíveis.

Os investimentos em inovação, pesquisa e desenvolvimento representam cerca de 1% da receita líquida anual da Suzano, que atingiu R$ 49 bilhões em 2022. Além disso, em 2022, a empresa lançou seu braço de venture capital, a Suzano Ventures, com US$ 70 milhões para investir em startups voltadas para o desenvolvimento de produtos sustentáveis. Em abril de 2023, a Suzano Ventures investiu até US$ 6,7 milhões na Allotrope Energy, que está testando uma nova tecnologia para baterias de lítio-carbono, utilizando material proveniente da produção de celulose como fonte de carbono.

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