FGV aponta que confiança do comércio caiu pelo 2º mês seguido
A queda da confiança em junho foi concentrada em dois dos seis principais segmentos do setor

O Índice de Confiança do Comércio (Icom), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), registrou uma queda de 1,2 ponto em junho, atingindo 90,3 pontos. Este é o segundo mês consecutivo de recuo. Nas médias móveis trimestrais, o índice apresentou uma ligeira diminuição de 0,1 ponto, situando-se em 92,4 pontos, após seis meses de crescimento contínuo.

De acordo com Geórgia Veloso, economista do FGV Ibre, "em junho, a confiança do comércio diminuiu pelo segundo mês consecutivo, embora em menor intensidade. Apesar do pessimismo, houve uma redução nas reclamações sobre o volume de demanda atual, que no mês anterior foram mais intensas e disseminadas. Neste mês, apenas três segmentos permaneceram pessimistas no indicador. O desastre ambiental no Rio Grande do Sul continua a influenciar as percepções das empresas, que apontam os fatores climáticos como uma limitação acima do padrão histórico para a melhoria dos negócios. O cenário das expectativas reforça a incerteza sobre a recuperação do setor, que ainda enfrenta desafios significativos devido aos elevados níveis de endividamento e altas taxas de juros."

A queda da confiança em junho foi concentrada em dois dos seis principais segmentos do setor. O Índice de Expectativas (IE-COM) registrou uma redução de 1,6 ponto, atingindo 91,4 pontos, após três meses consecutivos de alta. Ambos os componentes do IE-COM apresentaram variações negativas: o indicador das perspectivas de vendas para os próximos três meses caiu 0,5 ponto, situando-se em 91,5 pontos, e o indicador das expectativas sobre a tendência dos negócios nos próximos seis meses recuou 2,6 pontos, alcançando 91,6 pontos, após três meses de crescimento.

Da mesma forma, o Índice de Situação Atual (ISA-COM) diminuiu 0,9 ponto, ficando em 89,7 pontos. Os dois componentes deste índice também apresentaram resultados negativos: o indicador que avalia o volume de demanda atual caiu 1,3 ponto, para 89,5 pontos, o menor nível desde janeiro deste ano (88,7 pontos), e as avaliações sobre a situação atual dos negócios recuaram 0,6 ponto, atingindo 90,0 pontos.

Análise e Perspectivas

A queda consecutiva na confiança do comércio reflete um cenário de incertezas e desafios. A influência de fatores externos, como o desastre ambiental no Rio Grande do Sul, e internos, como as altas taxas de juros e o elevado endividamento das empresas, continuam a impactar negativamente o setor. Embora tenha havido uma redução nas queixas sobre a demanda atual, a manutenção do pessimismo em alguns segmentos sugere que a recuperação ainda enfrenta obstáculos significativos.

Para o futuro próximo, a atenção deve se voltar para as políticas econômicas e as condições climáticas que possam afetar o comércio. A estabilidade e o crescimento sustentável dependerão da capacidade das empresas de adaptarem suas estratégias às mudanças do mercado e das condições externas que influenciam diretamente o desempenho do setor.

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