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O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), registrou alta de 1,34% em outubro de 2024, uma aceleração significativa em comparação ao aumento de 0,18% observado no mês anterior. Com esse resultado, o índice acumula uma elevação de 3,91% no ano e 5,10% nos últimos 12 meses, revertendo a queda de 4,88% acumulada no período de 12 meses até outubro de 2023.
A alta foi puxada principalmente pelos preços dos produtos agropecuários, que continuam sendo impactados pelos efeitos da seca, e pelo aumento nas tarifas de energia elétrica, devido à ativação da bandeira vermelha nível 2. "No lado do consumidor, o acionamento da bandeira vermelha provocou um aumento nas tarifas de energia elétrica, fator crucial para a elevação do IPC. Na construção civil, a alta registrada refletiu principalmente o aumento nos preços de materiais, equipamentos e serviços”, explicou Matheus Dias, economista do FGV Ibre.
IPA e IPC: produtos agropecuários e energia lideram alta de preços
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que reflete as oscilações de preços no setor produtivo, subiu 1,66% em outubro, após ter registrado alta de apenas 0,14% em setembro. O aumento foi impulsionado pelos Bens Finais, cujo preço variou 1,06%, em especial os alimentos processados, que tiveram um avanço de 3,63%. O IPA também registrou uma expressiva alta de 3,94% no grupo de Matérias-Primas Brutas, com destaque para o minério de ferro, a soja e o preço do boi gordo.
Por outro lado, os Bens Intermediários mostraram um recuo, passando de 0,60% em setembro para 0,21% em outubro, impulsionados pela queda nos preços de suprimentos. Quando excluídos os combustíveis, o índice desse grupo registrou uma leve alta de 0,62%.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,53% em outubro, contra 0,02% em setembro. As tarifas de energia elétrica e o aumento em Habitação (de 0,23% para 1,60%) foram os principais responsáveis pela aceleração. Outros setores que registraram altas significativas incluem Despesas Diversas e Saúde. Em contrapartida, o grupo Transportes apresentou queda, pressionado pela baixa no preço da gasolina, que caiu 0,78%.
Construção Civil: INCC registra desaceleração, mas serviços sobem
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,57% em outubro, desacelerando frente à alta de 0,79% registrada no mês anterior. Entre os componentes do INCC, os preços de Materiais e Equipamentos variaram positivamente, mas de forma mais contida. Em contraste, o grupo de Serviços apresentou um aumento expressivo, passando de 0,31% em setembro para 0,70% em outubro. O componente de Mão de Obra também apresentou leve desaceleração, variando de 0,80% para 0,53%.
A aceleração do IGP-10 em outubro reflete a pressão de fatores como os preços dos produtos agropecuários, energia elétrica e a recuperação de algumas matérias-primas no mercado internacional. Enquanto o impacto da seca e os custos energéticos pesam sobre o consumidor, o mercado produtivo segue sensível às flutuações de commodities essenciais. A tendência para os próximos meses dependerá, em parte, da evolução dessas variáveis, que podem continuar a pressionar os índices de preços no Brasil.