A Ferrovia Transnordestina deu mais um passo rumo à conclusão de sua primeira fase com a assinatura, nessa quinta-feira (5), da ordem de serviço para o início das obras do lote 8, que interligará o estado do Piauí ao Porto do Pecém, no Ceará. O novo trecho, com 46 quilômetros de extensão, receberá um investimento de R$ 1 bilhão, parte de um aditivo de R$ 3,6 bilhões financiado pelo Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), vinculado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).
A cerimônia de assinatura ocorreu no município de Baturité, no Ceará, um dos locais que serão cruzados pela ferrovia, junto com Quixadá, Itapiúna e Capistrano. Participaram do evento o ministro dos Transportes, Renan Filho, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, além de prefeitos e autoridades locais. Segundo Góes, essa é a oitava frente de obras da ferrovia retomada no atual governo, com mais de 3 mil trabalhadores mobilizados e a expectativa de geração de até mil novos empregos com o novo lote.
O lote 8 prevê a construção de três pontes, dois viadutos e quatro passagens de nível, com início das obras previsto para até 45 dias após a assinatura do contrato. Atualmente, cinco trechos (lotes 4, 5, 6, 7 e 11) já estão em execução, abrangendo áreas centrais do Ceará e o acesso ao Porto do Pecém. Com o avanço do novo trecho, restarão apenas os lotes 9 e 10, totalizando 97 quilômetros, que devem ser contratados ao longo de 2025 para a conclusão da fase 1 da ferrovia.
O ministro Renan Filho destacou que o projeto representa a maior obra de infraestrutura do Nordeste e simboliza uma nova fase de desenvolvimento regional. Até agora, já foram entregues 676 quilômetros de trilhos da linha principal da fase 1. Com os 235 quilômetros em andamento e os 46 do novo trecho, a Transnordestina chega a 281 quilômetros em construção ativa, alcançando 75% de execução física. A previsão é concluir essa etapa até 2027, com início do comissionamento e transporte de cargas previsto para 2025. A ferrovia atenderá principalmente o escoamento de produtos como soja, farelo de soja, milho e calcário, partindo do Terminal Intermodal de Cargas do Piauí em direção ao centro-sul cearense e regiões de Pernambuco.
Em entrevista ao programa Bom dia, Ministro, Waldez Góes ressaltou que o avanço das obras está garantido graças à articulação com o Congresso Nacional, incluindo a captação de R$ 800 milhões via leilão de cotas do Fundo de Investimento do Nordeste (Finor). Segundo o ministro, o governo pretende encaminhar um projeto de lei para autorizar oficialmente o uso desses recursos na obra, com expectativa de liberação até o início de julho.
No caso do trecho da ferrovia que liga o município de Salgueiro ao Porto de Suape, em Pernambuco, as obras estão sob um orçamento separado e foram reincluídas no Novo PAC. A partir do segundo semestre deste ano, devem ser publicados os editais para contratação das empresas responsáveis pela retomada dos trabalhos. Os investimentos previstos são de R$ 450 milhões para os lotes SPS 04 (entre Custódia e Arcoverde, com 73 km) e SPS 07 (de Cachoeirinha a Belém de Maria, com 53 km).
O ramal pernambucano, com 544 quilômetros de extensão, havia sido retirado da concessão da Transnordestina Logística S.A. (TLSA) em 2022 e agora será conduzido diretamente pelo governo federal por meio do novo programa de investimentos. Com as obras em curso e os novos aportes financeiros assegurados, a expectativa é que a ferrovia cumpra seu papel estratégico na logística do escoamento de commodities agrícolas do interior do Nordeste para os portos da região.
