Views
O mercado brasileiro enfrenta um cenário desafiador, com impactos significativos nas ações locais, conforme destacado por analistas do HSBC. A combinação de juros elevados, inflação crescente, moeda mais fraca e expectativas de crescimento econômico mais lento criou uma "armadilha clássica de valor", levando o banco a rebaixar a bolsa brasileira de "neutra" para "underweight" (abaixo da média de mercado).
Os analistas Alastair Pinder, Nicole Inui e Herald van der Linde apontaram que, embora as ações brasileiras estejam atrativas em termos de preço — com uma relação preço/lucro de 6,6 vezes projetada para os próximos 12 meses —, é improvável que isso resulte em reavaliação significativa no curto prazo. "Uma queda da Selic e dos retornos de renda fixa é necessária, mas isso só deve ocorrer no segundo semestre de 2025", afirmaram no relatório.
Outro ponto destacado foi o desinteresse de investidores locais e internacionais em um cenário de juros reais acima de 7%. "Esse patamar afasta tanto investidores domésticos quanto fundos que já possuem posições acima da média em mercados emergentes", analisaram.
Arábia Saudita em alta
Enquanto o Brasil enfrenta dificuldades, o HSBC adotou uma visão otimista para as ações da Arábia Saudita, elevando sua classificação de "neutra" para "overweight" (acima da média de mercado). O banco destaca que o mercado saudita oferece uma oportunidade de crescimento estrutural sólido, com expectativas de desempenho superior em 2025, contrastando com o pessimismo observado em 2024.
De acordo com os especialistas, o mercado saudita tem enfrentado avaliações excessivamente pessimistas, em grande parte devido à volatilidade nos preços do petróleo. No entanto, a visão de longo prazo sobre a economia do país e suas empresas é positiva, indicando potencial para investidores que buscam alternativas aos mercados emergentes tradicionais.
Impacto no Brasil
O cenário traçado pelo HSBC reflete preocupações mais amplas com a política econômica brasileira, em especial com o pacote fiscal apresentado pelo governo. Para analistas, o Brasil precisa restaurar a confiança do mercado com medidas que incentivem investimentos e melhorem as condições econômicas gerais. Enquanto isso, investidores podem buscar oportunidades em mercados emergentes menos impactados, como o saudita.