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O ministro dos Transportes, Renan Filho, confirmou nesta quinta-feira (23) que o plano de investimento em ferrovias, com previsão de aporte de R$ 100 bilhões no setor, deve ser lançado no início de fevereiro. Durante o programa "Bom Dia, Ministro", ele anunciou os cinco primeiros projetos que integrarão a carteira de leilões e adiantou que o evento oficial poderá contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista ao Valor, Renan Filho explicou que a maior parte dos recursos virá do setor privado, enquanto o governo federal fará um investimento menor para tornar os contratos mais atrativos aos investidores. A ideia é destinar R$ 20 bilhões de recursos públicos e atrair R$ 80 bilhões de investimentos privados. Ele destacou que esse modelo busca garantir viabilidade financeira para os projetos e aumentar a atratividade das concessões.
O Ministério dos Transportes avalia que o valor total do plano pode ser ampliado, dependendo do avanço das negociações sobre otimização de contratos e renovação de concessões já existentes. Segundo o ministro, há possibilidade de crescimento no investimento total, mas as definições ainda estão sendo discutidas com o presidente Lula, a equipe econômica e a Casa Civil.
Entre os projetos confirmados no plano, estão o Anel Ferroviário Sudeste (EF-118), que ligará a Ferrovia Vitória-Minas, no Espírito Santo, à malha ferroviária da concessionária MRS, no Rio de Janeiro, em um trajeto de 595 quilômetros. Também fazem parte da carteira a Ferrovia Oeste-Leste (Fiol), que conectará Ilhéus (BA) a Lucas do Rio Verde (MT), com 2.548 quilômetros; o trecho final da Ferrovia Transnordestina, entre Estreito (MA) e Eliseu Martins (PI), com 620 quilômetros; e a linha norte da Ferrovia Norte-Sul (FNS), que ligará Açailândia (MA) a Barcarena (PA), com 477 quilômetros.
A Ferrogrão, ferrovia de 1.072 quilômetros entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), também deve ser incluída no plano, mas ainda depende de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para avançar com a contratação. O ministro ressaltou que o plano ferroviário será essencial para o país ao incentivar a migração do transporte de cargas das rodovias para as ferrovias, aumentando a eficiência da logística nacional.
Segundo a Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário, o sucesso dos leilões dessas cinco ferrovias contribuirá para otimizar a malha ferroviária e fortalecer a concorrência entre os portos brasileiros. A Ferrogrão, por exemplo, ajudará a desafogar a BR-163 e reduzirá a sobrecarga nos portos do Sul e Sudeste ao criar um novo eixo de escoamento pelo Arco Norte. Já a linha norte da FNS permitirá uma nova rota de transporte de grãos pelo Pará, sem interferir no fluxo de minério que desemboca no Maranhão.
A Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) conectará a produção agrícola do Mato Grosso ao litoral baiano, enquanto o trecho final da Transnordestina garantirá maior escala à ferrovia ao integrá-la ao traçado da FNS. Renan Filho enfatizou que o plano ferroviário trará ganhos significativos para o setor logístico brasileiro e contribuirá para o desenvolvimento econômico do país.