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O índice de dividendos da B3 (Idiv) terminou setembro com alta de 1,3%, aos 7.917 pontos, recuperando-se do resultado negativo visto no mês anterior. No acumulado de nove meses, a performance está positiva em 10,6%, ante 6% do Ibovespa.
Nas revisões das carteiras recomendadas de dividendos para outubro, a palavra de ordem foi “manutenção”.
Dos dez bancos ou corretoras monitorados periodicamente, oito optaram por repetir as escolhas feitas no mês passado. Com isso, houve apenas quatro trocas de papéis, de um universo de 35 empresas que integram os portfólios indicados, de maneira geral.
Apesar de pontuais, as alterações trouxeram uma novidade na lista de destaques de outubro: o ingresso de BB Seguridade (BBSE3), com quatro apontamentos.
Houve uma mudança também no primeiro lugar do pódio. A Vale (VALE3) perdeu uma recomendação e agora divide a liderança geral com a Petrobras (PETR4), ambas com cinco escolhas.
Outra companhia que deixou uma das carteiras recomendadas foi a Engie (EGIE3), passando a integrar o bloco das ações de dividendos empatadas com quatro indicações – composto ainda por Banco do Brasil (BBAS3), CPFL Energia (CPFE3) e Itaú Unibanco (ITUB4), além da já citada empresa de seguros do BB.
Do ponto de vista macro, a BB Investimentos comenta que a recente melhora na atividade econômica do país não tem sido suficiente para impulsionar a Bolsa.
Segundo a instituição, isso ocorre basicamente por dois fatores. Primeiro em função do peso relevante dos segmentos de commodities no Ibovespa, com teses de investimento desassociadas de questões internas; e segundo por conta do movimento mais tímido de revisão das estimativas para as companhias mais cíclicas.
Neste último caso, a corretora explica que seus analistas não esperam recuperação forte de receitas e margens ao longo de 2024.
“Desse modo, optamos por iniciar o 4T23 (quarto trimestre de 2023) com uma perspectiva mais cautelosa. Nosso alvo de 127 mil pontos [para o Ibovespa, ao fim deste ano] foi mantido, mas será revisado no próximo mês”, diz a BB Investimentos.
Na XP, o ajuste já veio. A projeção caiu de 133 mil para 128 mil pontos, devido à alta nos juros de longo prazo.
Veja a seguir as sete companhias selecionadas para outubro, com seus respectivos históricos de dividend yield em 12 meses e retornos em um mês, no ano e nos últimos 12 meses (com base no fechamento de setembro):
BB Seguridade (BBSE3)
A companhia é a novidade do mês, com um total de quatro indicações, após estrear em um dos portfólios selecionados.
No levantamento periódico realizado pelo portal InfoMoney, a BB Seguridade está retornando à lista das mais citadas após sete meses.
Em sua análise, o BTG Pactual lembra que o setor de seguros é considerado pelos investidores como defensivo, característica na qual a empresa se destaca. Segundo banco, a companhia está livre do risco de inadimplência e também da possibilidade de extinção dos pagamentos de proventos via juros sobre capital próprio – alvo de um projeto de lei em tramitação no Congresso.
Além disso, o BTG considera a margem de lucro da BB Seguridade “impressionantemente alta”, em meio a um cenário competitivo favorável à empresa.
Os especialistas da casa citam também o histórico de boa governança corporativa e o fato de a companhia distribuir entre 90% e 95% do seu lucro líquido.
Pelas projeções do banco, o retorno com dividendos (dividend yield) esperado para este ano é de 10,4%.
Petrobras (PETR4)
A estatal de petróleo manteve as cinco recomendações do mês passado e agora divide a liderança geral do ranking com a Vale.
“As mudanças aprovadas ao longo deste ano para a nova política de preços e política de dividendos trouxeram alívio aos investidores, que tinham receio de alterações menos favoráveis”, afirma a BB Investimentos.
A corretora observa ainda que EV/Ebitda projetado para a petrolífera neste ano está em 2,8 vezes, ante 4,2 vezes dos seus pares de mercado, deixando a relação risco/retorno favorável.
O múltiplo indica o valor da empresa em relação à potencial geração de caixa. Quanto menor, melhor.
Em relatório, a instituição cita uma estimativa de retorno com dividendos de 18,6% para a Petrobras, equivalente a uma média de 12 e 24 meses, com base em consenso de analistas disponível na Bloomberg.
Vale (VALE3)
A empresa contabiliza cinco escolhas, uma a menos em relação a setembro, perdendo assim o posto de líder isolada.
Na opinião do BTG, os preços do minério de ferro se mantêm sólidos – tendo voltado ao nível de US$ 120 a tonelada –, com perspectiva de demanda saudável da indústria siderúrgica chinesa.
Pelos cálculos do banco, a Vale deve apresentar um retorno com dividendos de aproximadamente 11% neste ano, subindo para perto de 13% em 2024, incluindo recompras de ações.
Engie (EGIE3)
A companhia perdeu uma indicação, pelo segundo mês consecutivo, e registra quatro citações em outubro.
A Ativa Investimentos ressalta que a elétrica está inteiramente contratada para 2023 e dispõe de pouca energia para vender no próximo ano, apresentando, assim, uma menor exposição aos baixos preços correntes.
Na avaliação da corretora, a Engie apresenta baixo risco regulatório, crescente contribuição do negócio de transmissão (elétrica e de gás) e uma situação financeira que lhe permite tanto planejar o futuro como remunerar de forma eficiente seus acionistas.
Banco do Brasil (BBAS3)
A instituição manteve as quatro recomendações recebidas no mês passado.
Para a Santander Corretora, o balanço do BB no segundo trimestre trouxe, mais uma vez, “resultados saudáveis”, com avanço de dois dígitos nos empréstimos (impulsionados principalmente pelo agronegócio).
Outro destaque foi a margem financeira, que sustentou um forte ritmo de crescimento, de 34% ao ano.
Os especialistas consideram a ação do BB, atualmente, a mais barata do setor de bancos. Para 2024, o retorno esperado com dividendos está em 10,86%.
CPFL Energia (CPFE3)
A empresa também está presente em quatro portfólios selecionados para outubro.
“Vemos a CPFL sendo negociada a uma TIR (taxa interna de retorno) real de 9,5%, ao mesmo tempo em que vem entregando fortes resultados operacionais, que se traduziram em grandes dividendos nos últimos 2 anos”, afirma o BTG.
O banco lembra que, na divulgação do balanço do segundo trimestre, a elétrica anunciou proventos extraordinário referentes ao exercício de 2022, atingindo um nível de pagamento equivalente a 100% do lucro do período.
“Essa distribuição adicional chama a atenção para a continuidade dessa política voltada para distribuição dos lucros, por isso esperamos que o mercado siga de perto as decisões de alocação de capital da companhia nos próximos meses.”
Nas contas do BTG, o dividend yield da CPFE3 neste ano será de 11%.
Itaú Unibanco (ITUB4)
Também com quatro apontamentos, a instituição financeira fecha a relação de destaques do mês.
No setor bancário, o Itaú representa uma alocação de alta qualidade e baixo risco, em função dos bons indicadores operacionais, da rentabilidade e da eficiência, conforme avaliação da BB Investimentos.
“Seu perfil equilibrado de mix de crédito, dividido entre perfis PF (pessoa física), PJ (pessoa jurídica), Grandes Empresas e Varejo Alta Renda, aliado ao bom ritmo de expansão de receitas em serviços, atribui ao Itaú um caráter de resiliência importante para atravessar o atual momento econômico no Brasil.”
Pelo consenso, o yield médio das ações do Itaú está em 5,4%.