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Em um cenário de câmbio pressionado, expectativas de inflação desancoradas e revisão do hiato do produto, o Banco Central (BC) deve adotar uma postura mais rígida em sua política monetária. Segundo os economistas do Itaú Unibanco, que divulgaram uma revisão de cenário nesta quinta-feira (12), o BC deve elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual na próxima semana, iniciando um ciclo de alta de juros que, no total, deverá somar 1,5 ponto percentual.
De acordo com o relatório do Itaú, a taxa básica de juros deve encerrar 2024 em 11,75%, com uma projeção de 12% em janeiro de 2025. A equipe, liderada por Mario Mesquita, ex-diretor do BC, acredita que a próxima reunião de política monetária ocorrerá após semanas de intensa volatilidade nos mercados, com fundamentos sólidos que justificam o início desse ciclo de alta.
Utilizando o modelo tradicional do BC, o Itaú considerou um câmbio de 5,60 reais por dólar e observou uma deterioração das expectativas de inflação desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em julho. A projeção de inflação para o final de 2024 foi ajustada para 3,4%, um cenário que, segundo o banco, justifica a elevação da Selic para, pelo menos, 12%.
Câmbio e perspectiva para o dólar
Apesar do cenário de risco elevado e das contas externas deterioradas no primeiro semestre de 2024, o Itaú revisou suas projeções para o câmbio. O banco reduziu a previsão para o dólar de R$ 5,50 para R$ 5,40 até o final deste ano e estima que a moeda norte-americana termine 2025 em R$ 5,20. Esse ajuste reflete a expectativa de uma taxa de juros mais alta no Brasil, ao mesmo tempo em que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, deve iniciar a flexibilização de sua política monetária, o que pode incentivar a entrada de dólares no país.
Essa combinação de fatores indica que o BC, apesar de um ciclo moderado de elevação de juros, terá um papel crucial na condução da economia nos próximos meses, à medida que busca conter a inflação e equilibrar as expectativas de crescimento.