Banco Central eleva projeção do PIB para 2024
Segundo o BC, essa mudança se deve ao aumento da projeção para o grupo de atividades mais cíclicas e à redução para o grupo de atividades menos cíclicas

O Banco Central revisou para cima sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024, passando de 1,9% para 2,3%. Segundo o BC, essa mudança se deve ao aumento da projeção para o grupo de atividades mais cíclicas e à redução para o grupo de atividades menos cíclicas. As estimativas para a variação anual do Valor Adicionado Bruto (VAB) foram ajustadas de 2,1% para 3,1% para os setores mais cíclicos e de 1,6% para 0,9% para os setores menos cíclicos.

De acordo com o Relatório de Inflação (RI) trimestral de junho, divulgado nesta quinta-feira (27), "a revisão foi bastante afetada por surpresas positivas no primeiro trimestre, notadamente em impostos, nos componentes mais cíclicos da oferta, no consumo das famílias e na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)".

Essas revisões refletem um cenário de crescimento mais robusto impulsionado por uma demanda interna mais forte e uma recuperação significativa em setores chave da economia, apontando para um ano de 2024 mais promissor do que o inicialmente previsto.

O banco espera que o consumo das famílias cresça mais em 2024 do que no ano anterior, mesmo com a desaceleração da expansão dos benefícios sociais. A projeção considera também os indicadores mensais do segundo trimestre disponíveis, que "apontam, de modo geral, para uma desaceleração da atividade econômica, inclusive pelo impacto das enchentes no Rio Grande do Sul". No entanto, o BC estima que a tragédia climática no RS terá "impacto modesto" sobre o crescimento anual do PIB nacional, apesar do "grau elevado de incerteza" dessa previsão.

"Espera-se que os esforços para a reconstrução do RS contribuam positivamente para o crescimento do PIB no segundo semestre, somando-se ao impacto defasado da redução do grau de aperto monetário ocorrido ao longo do último ano", afirma o BC.

Na ótica da oferta, o aumento na projeção de crescimento anual do PIB em relação ao relatório anterior reflete um aumento nas projeções para a indústria (de 2,2% para 2,7%) e serviços (de 2% para 2,4%) e uma redução na estimativa para a agropecuária (de -1% para -2%).

Em relação aos componentes domésticos da demanda agregada, houve uma elevação significativa nas estimativas de crescimento do consumo das famílias (de 2,3% para 3,5%) e da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) — medida do PIB que inclui investimentos em máquinas, construção civil e pesquisa — de 1,5% para 4,5%.

"A inflexão dos investimentos no final de 2023 e início de 2024 é condizente com os efeitos defasados da diminuição do grau de aperto da política monetária ocorrida ao longo do último ano, mas foi mais intensa do que se antecipava, deixando um carregamento estatístico mais elevado para o ano. Além disso, a destruição ocorrida no RS exigirá esforços significativos de reconstrução e aquisições excepcionais de bens de capital, que devem contribuir para maior expansão da FBCF", explica o BC.

As exportações devem variar 0,5% em 2024, mantendo a projeção do relatório anterior. Para as importações, a projeção de crescimento aumentou de 3% para 6%. Considerando as novas estimativas, as contribuições da demanda interna e do setor externo para a evolução do PIB em 2024 foram estimadas pelo BC em 3,2% e -0,9%, respectivamente.

1º Trimestre

Na avaliação do BC, a expansão "robusta" e acima das expectativas no primeiro trimestre motivou a revisão da projeção para o PIB do ano. Segundo o BC, o crescimento no primeiro trimestre "foi acompanhado de altas expressivas do consumo das famílias e dos investimentos, dois importantes componentes da demanda final, e dos setores mais cíclicos da economia".

Para o segundo trimestre, a projeção é de desaceleração, em parte, devido ao impacto do "desastre climático" no Rio Grande do Sul.

Já na segunda metade do ano, a expectativa é de que o crescimento econômico reflita fatores como o potencial de crescimento da economia e os efeitos defasados da redução do aperto na política monetária. Além disso, deve haver um aumento na demanda e na produção "relacionados à recuperação do capital perdido e à recomposição de bens e estoques no RS".

De acordo com o documento, o lado da oferta "corrobora a visão de crescimento forte no trimestre" e o lado da demanda "também evidencia o dinamismo da atividade no primeiro trimestre".

No entanto, o BC avalia que os indicadores mensais de atividade sugerem uma desaceleração no segundo trimestre, "inclusive com impactos negativos das enchentes no RS". O relatório apontou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) ficou estável em abril, "deixando o carregamento estatístico próximo de zero para o segundo trimestre".

O BC também destacou o recuo na produção industrial em abril, a estabilidade no comércio e um "ligeiro avanço" no volume de serviços. "Outros indicadores coincidentes da atividade econômica e sondagens empresariais tiveram resultados predominantemente negativos em abril e maio", conclui o BC.

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