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Mesmo com o alívio temporário na guerra comercial entre Estados Unidos e China, o BTG Pactual segue com uma postura cautelosa em relação às ações da Vale (VALE3). Para o banco, o cenário global ainda impõe desafios ao setor de commodities, principalmente devido à fragilidade da economia chinesa — que segue afetando a demanda por aço e pressionando os preços do minério de ferro.
Na semana passada, Washington e Pequim anunciaram uma pausa de 90 dias nas tarifas mútuas enquanto negociam um novo acordo. Embora a notícia tenha sido bem recebida pelo mercado, o BTG avalia que o movimento não altera substancialmente o quadro de desequilíbrio entre oferta e demanda no setor.
“O mercado tem reagido a eventos e manchetes, mas ainda vemos fundamentos fracos. Há baixo impulso de lucros, fluxo de caixa limitado e um cenário desafiador para os preços das commodities”, escreveram os analistas do banco em relatório.
A instituição reconhece que a Vale tem apresentado avanços importantes, como a redução dos custos operacionais (C1), ganhos institucionais e progresso no caso Samarco. Ainda assim, o banco considera difícil enxergar uma valorização relevante das ações no curto prazo.
A ação da mineradora está sendo negociada a um múltiplo de 4,4 vezes o Ebitda projetado para 2025, com um rendimento de dividendos (dividend yield) estimado entre 7% e 9% — patamar que o BTG considera razoável, mas sem grande atratividade adicional.
Outro ponto de atenção é o endividamento. A dívida líquida expandida da companhia subiu para US$ 18 bilhões, e a meta da gestão é reduzir esse valor para US$ 15 bilhões nos próximos trimestres — o que, na visão do BTG, limita o espaço para pagamento de dividendos extraordinários.
Para o minério de ferro, o banco projeta preços de US$ 95 por tonelada em 2025 e US$ 85 em 2026, abaixo do nível atual de cerca de US$ 100. Na última sexta-feira (16), o preço do minério recuou com sinais de enfraquecimento da demanda de curto prazo e incertezas sobre o alcance real da trégua tarifária.
Mesmo com o leve ganho semanal puxado pela pausa nas tarifas, o banco reforça que o setor ainda depende de fatores estruturais para sustentar uma recuperação mais sólida.