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As criptomoedas pareadas ao dólar, também chamadas de stablecoins, estão ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Mas, diferente do que muitos pensam, o bitcoin (BTC) não é o criptoativo mais negociado por brasileiros
Segundo dados da Receita Federal (RF), dos R$ 81,5 bilhões negociados em ativos digitais entre janeiro e maio deste ano, 90% foram feitos em stablecoins, com destaque para o tether (USDT).
O valor médio das operações também é notável: enquanto o tether registrou transações com média de R$ 70 mil em maio, o bitcoin ficou com uma média de menos de R$ 700.
Apesar da não-liderança do bitcoin parecer ruim, isso reforça o papel como uma opção única e promissora para aqueles que buscam um ativo verdadeiramente resiliente e com potencial de valorização a longo prazo: uma moeda digital antifrágil, escassa e independente.
Os brasileiros percebem o bitcoin como uma sólida reserva de valor, comparável ao ouro, uma escolha confiável para proteger e fazer crescer seus ativos em meio a um cenário de turbulências econômicas e financeiras.
Protagonismo do tether no Brasil
O tether, que atualmente é a terceira maior criptomoeda em valor de mercado, tem apresentado uma ascensão notável no mercado brasileiro há algum tempo. Segundo dados reportados à RF:
- Em dezembro de 2019, seu volume transacionado era de pouco mais de R$ 410 milhões, representando cerca de 6% do total das negociações de ativos digitais no Brasil.
- Em junho de 2020, a criptomoeda alcançou seu primeiro bilhão em volume transacionado, aumentando sua fatia para 22% do mercado.
- Já em janeiro de 2022, o tether consolidou seu crescimento constante, respondendo por metade do volume transacionado e movimentando mais de 4x o volume de bitcoin em reais.
O objetivo do tether, assim como de outras stablecoins de dólar, é oferecer a estabilidade da moeda americana alinhada à rapidez, segurança e transparência das transações feitas com criptomoedas.
Ou seja, o crescimento do tether no mercado brasileiro acontece devido a diversos fatores, como estabilidade, facilidade de uso para pagamentos, proteção contra a inflação nacional e, consequentemente, perda de valor do real.
Essa realidade aponta para uma mudança de perspectiva em relação ao ideal libertário que impulsionou a criação do bitcoin, cuja proposta inicial era ser ‘meramente’ uma moeda descentralizada para transações financeiras.
Mais que dinheiro
Com a ascensão do conhecimento acerca dos ativos digitais no Brasil, é possível que brasileiros estejam reconhecendo o bitcoin como uma alternativa superior ao tether em termos de investimento e reserva de valor.
O bitcoin tem se destacado ano após ano por seu potencial de valorização histórico e sua natureza descentralizada, que o torna imune a confisco e manipulação governamental.
Desse modo, ao diminuir o volume de transações feitas com o bitcoin, os brasileiros podem estar enxergando a criptomoeda como o ouro 2.0 ao invés de mais um meio de pagamento.
A escassez absoluta do bitcoin, com seu limite fixo de unidades, é um atrativo até para os mais céticos. Sua descentralização oferece independência financeira, tornando-o uma exímia forma de preservar e crescer patrimônio em um mundo onde a única certeza é a incerteza.