Dow Jones Industrial Average sobre 1,9%, maior alta diária desde junho de 2023
O movimento tem relação com o dado de inflação da semana passada e as novas projeções sobre a aproximação do movimento de cortes de juros pelo Fed

Por Paula Zogbi, gerente de conteúdo e research na Nomad

O Dow Jones Industrial Average, que vinha ficando para trás em relação a índices ponderados por capitalização de mercado, como o Nasdaq e o S&P500, apresentou a maior alta diária em mais de um ano nessa terça-feira 16/07, subindo 1,9%, nível superado pela última vez em junho do ano passado. O movimento tem relação com o dado de inflação da semana passada e as novas projeções sobre a aproximação do movimento de cortes de juros pelo Fed, reforçando a tese de uma rotação do mercado.

Para contextualizar, na virada do ano, o mercado previa início do ciclo de cortes de juros nos EUA já no primeiro trimestre, com queda de 1 ou 1,25 ponto percentual para as Fed Funds em 2024. Em abril, o sentimento era radicalmente diferente, com pouca clareza do espaço para a flexibilização monetária e parte do mercado antecipando até mesmo novas altas. A partir do CPI de junho, a neblina se dissipou, e as projeções agora apontam fortemente para um início de cortes em setembro e entre 2 e 3 cortes ainda este ano.

Com isso, a curva de juros fechou, indicando taxas mais baixas no futuro. O mercado reagiu levando um grande fluxo para papéis até então “esquecidos”, como small caps e setores muito sensíveis a juros, especialmente o imobiliário. Esse movimento, que começou na semana passada, permanece, e pode continuar nas próximas semanas, à medida que gestores de fundos e outros investidores recalibram os portfólios, diminuindo o peso das ações de tecnologia e IA (teses do “higher for longer”) rumo a papéis que ficaram para trás. É cedo para dizer o quanto essa rotação será duradoura, já que ela depende, além dos juros, da saúde da economia americana e dos resultados das próprias empresas.

A relação desse movimento com a alta acima dos pares para o Dow Jones é o fato de a sua composição ser muito menos conectada às big techs. Por ser um índice ponderado por preço das ações, e não valor de mercado, o movimento do DJIA é muito menos relacionado ao das Mag 7, que correspondem a mais de 30% do S&P500. Por exemplo: uma empresa de altíssima capitalização de mercado, como a Amazon, que vale mais de 2 trilhões de dólares e está entre as 5 maiores posições da S&P e da Nasdaq, tem uma ação individual custando menos de 200 dólares atualmente, e, portanto, tem menos influência no preço final do Dow Jones, não entrando nem no top 10.

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