Economistas defendem necessidade de elevar juros em até dois pontos
Avaliação unânime entre economistas do mercado que se reuniram com o Banco Central é que a economia continua mais forte do que se esperava

Durante uma reunião com diretores do Banco Central na sexta-feira (16), economistas do mercado financeiro expressaram a necessidade de uma elevação de até dois pontos porcentuais na taxa Selic. Conforme relatos obtidos pelo Estadão/Broadcast, a maioria dos presentes indicou que aumentar os juros seria a melhor estratégia, embora alguns ainda considerem a manutenção da taxa em 10,5% ao ano como uma possibilidade.

“Tinha quem achasse que a Selic poderia ficar relativamente parada, tinha quem achasse que precisaria subir pouco e tinha quem achasse que precisaria subir forte”, relatou um participante da reunião, que preferiu permanecer anônimo. Outro presente mencionou que, mesmo entre aqueles que não preveem uma elevação, há um viés de que, se o aumento ocorrer, não seria totalmente surpreendente.

Os cenários de aumento dos juros apresentados foram variados. Ao menos um participante sugeriu quatro altas consecutivas de 0,25 ponto porcentual, o que levaria a Selic a 11,5% na primeira reunião do próximo ano. Por outro lado, outro economista previu que o ciclo de alta poderia começar com um ajuste mais agressivo, de 0,5 ponto, seguido por mais três aumentos da mesma magnitude.

A justificativa para essas projeções, segundo os relatos, é a avaliação unânime de que a economia brasileira continua mais robusta do que o esperado. Isso se reflete em um hiato do produto mais apertado do que as estimativas do Banco Central e em um mercado de trabalho aquecido. Além disso, há preocupações de que a política fiscal permaneça expansionista, estimulando a demanda doméstica em meio a expectativas de inflação desancoradas no mercado.

Durante a reunião, alguns economistas questionaram a ênfase do Copom na taxa de câmbio para as projeções de inflação e na condução da política monetária. “Teve quem criticasse uma superficialidade da discussão sobre alta de juro baseada apenas no câmbio, destacando que o hiato do produto é relevante”, afirmou um analista presente no encontro.

Após as recentes declarações do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, pelo menos dois participantes mencionaram que um aumento dos juros seria crucial para preservar a credibilidade da autoridade monetária. Alguns também defenderam que o Copom deveria elevar as taxas mais do que o mercado atualmente precifica, como uma forma de antecipar-se às pressões inflacionárias.

Os analistas também apresentaram projeções de dólar entre R$ 5,50 e R$ 5,60 ao final de 2024, enquanto as estimativas para o IPCA giraram em torno de 4% tanto para este ano quanto para o próximo.

Um economista expressou dúvidas sobre o impacto real que o início do afrouxamento monetário nos Estados Unidos terá sobre a cotação do real. Alguns ponderaram que os cortes nas taxas do Federal Reserve poderiam aliviar a pressão cambial no Brasil, enquanto outros consideraram que o afrouxamento monetário americano já está precificado, não gerando, portanto, um alívio adicional no câmbio.

Segundo os relatos, há um consenso entre os economistas de que o Fed reduzirá os juros em setembro, embora ainda haja divergências sobre a magnitude dessa redução.

redacao
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