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Como seria a união entre a maior produtora independente de gás natural do Brasil e uma ampla cadeia de clientes industriais? Essa é a essência da proposta de "fusão de iguais" apresentada pela Eneva (ENEV3) à Vibra (VBBR3) no domingo. A Eneva sugeriu um acordo de intercâmbio de ações que, se aprovado pela Vibra, resultaria em uma nova empresa com os acionistas atuais de ambas as companhias possuindo 50% do capital.
Essa proposta é provisória e válida por 15 dias. Embora Eneva e Vibra sejam de tamanhos semelhantes, a Vibra tem um valor de mercado ligeiramente maior. Com base no fechamento do Ibovespa na última sexta-feira, a Eneva está avaliada em pouco mais de R$ 20 bilhões na B3, enquanto a Vibra está próxima de R$ 26 bilhões. Assim, a proposta inclui um prêmio de mais de 20% para as ações da ENEV3.
A Eneva destaca várias vantagens para essa fusão, começando pelo tamanho combinado das empresas. Segundo a Eneva, a fusão criaria não só a maior distribuidora de combustíveis do Brasil, mas também a maior plataforma de geração de energia termoelétrica do país, além de ser a terceira maior empresa de energia listada na bolsa brasileira.
A Eneva também ressalta que a união fortaleceria os compromissos ESG (ambiental, social e governança) de ambas as empresas, com mais de 30% da capacidade instalada da nova empresa sendo de energia renovável. Além disso, a fusão otimizaria a alocação de capital, diminuiria a percepção de risco das empresas como entidades separadas e fomentaria sinergias.
A Eneva, contudo, parece particularmente interessada na extensa rede de clientes industriais da Vibra. Para atrair os acionistas da Vibra, a Eneva destaca sua experiência na comercialização de gás natural e energia elétrica.
Vale ressaltar que tanto a Eneva quanto a Vibra (ex-BR Distribuidora) já operam como corporations — empresas de capital aberto sem um controlador definido.
Ainda assim, será necessário buscar uma convergência entre os interesses de acionistas de peso.
A Eneva tem como maiores acionistas o banco BTG Pactual e o fundo Cambuhy, da família Moreira Salles.
Por sua vez, a gestora Dynamo é uma acionista comum a ambas as empresas, detendo pouco mais de 10% do capital de cada uma delas.
Mercado aguarda posicionamento da Vibra
A proposta da Eneva foi apresentada à Vibra ontem.
O fato relevante por meio do qual a proposta ganhou publicidade entrou no sistema da CVM depois das 23h de domingo.
A expectativa agora é de que o conselho da administração da Vibra, presidido por Sérgio Rial, se debruce sobre a proposta durante os próximos dias. De acordo com o documento apresentado pela Eneva, o BTG manifestou a intenção de concentrar seus investimentos em geração de energia na empresa resultante da fusão. Isso se a proposta for aceita.