Governo zera alíquota de importação da carne, café, milho e açúcar para tentar conter preços
Embora o impacto da isenção da alíquota de importação do trigo sobre a inflação possa ser limitado, a medida é vista pelo governo como um gesto político importante

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira (6) que o governo federal irá zerar a alíquota de importação de diversos produtos essenciais, incluindo carne, café, milho e açúcar. Além disso, a tributação sobre itens da cesta básica também será eliminada, conforme detalhou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. As medidas devem entrar em vigor nos próximos dias.

A decisão surge em meio a uma crescente preocupação com a alta dos preços dos alimentos, fator apontado como um dos responsáveis pela queda na popularidade do presidente, que, segundo a última pesquisa do Datafolha, atingiu seu pior índice de aprovação desde o início do mandato.

O anúncio foi feito após uma reunião entre Lula e seus ministros, que discutiram as estratégias para conter a inflação dos alimentos. Estiveram presentes na reunião os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e o próprio Alckmin, além do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira.

Antes do encontro com Lula, os integrantes do governo já haviam discutido a questão com representantes do setor alimentício, incluindo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Desde a primeira reunião ministerial do ano, Lula tem cobrado de seus ministros ações concretas para reduzir os preços dos alimentos. Na ocasião, ele enfatizou que sua prioridade seria garantir comida acessível para a população e declarou que o novo lema de seu governo passaria a ser "união, reconstrução e comida barata na mesa do trabalhador".

No fim de fevereiro, durante um evento no Rio de Janeiro, Lula reforçou essa preocupação ao afirmar que tem "obsessão por comida barata". Segundo ele, a redução dos preços dos alimentos é uma questão central de sua gestão e será perseguida com diversas medidas econômicas.

Nas últimas semanas, o governo também avaliou a possibilidade de zerar o imposto de importação sobre o trigo, atualmente fixado em 9%, como forma de reduzir o custo do cereal e, consequentemente, baratear os produtos derivados, como pães e massas. Uma iniciativa semelhante foi discutida para o óleo comestível, incluindo variedades como óleo de soja, girassol, milho e canola.

Embora o impacto da isenção da alíquota de importação do trigo sobre a inflação possa ser limitado, a medida é vista pelo governo como um gesto político importante, demonstrando que há um esforço concreto para conter o aumento dos preços. Segundo interlocutores do Planalto, a maior preocupação é não dar a impressão de que o governo está inerte diante do problema.

 

Reduções semelhantes na alíquota de importação já foram adotadas em outras ocasiões, incluindo os governos de Dilma Rousseff (PT), Jair Bolsonaro (PL) e do próprio Lula em seus mandatos anteriores. Dessa vez, a expectativa do governo é que as novas medidas possam ajudar a aliviar o impacto da inflação sobre os alimentos e melhorar a percepção da população em relação à política econômica.

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